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Humberto Espíndola revela universo íntimo no livro “Pintura e Verso”

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Humberto Espíndola revela universo íntimo no livro “Pintura e Verso”
Foto: Protásio de Morais

Um dos artistas mato-grossenses de maior vulto, Humberto Espíndola mostra nesta terça-feira (24), que além da produção visual inconteste, também tem desenvoltura para transitar pelo universo das letras.

O lançamento do livro “Pintura e verso”, publicado pela Entrelinhas Editora, será no Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT, a partir das 19 horas. E a ocasião também marca o início da exposição homônima que fica aberta para visitação ao público, até o dia 4 de outubro.

Obra Devastação da Amazônia, de 1980, integra a exposição que segue até outubro no Museu da UFMT

Espíndola conta no livro que entre os 14 e 18 anos escreveu os seus primeiros versos. Aos 20 anos ele chegou a Curitiba, onde cursou faculdade de Jornalismo, como um poeta, participando dos movimentos lítero-teatrais da época.

Poemas queimados: ritual de passagem

Mas ao assistir as fantásticas aulas de história da Arte pelo professor Barontini, apaixonou-se pela pintura. No livro Espíndola revela que ao retornar a Mato Grosso queimou mais de 320 poemas e pediu à sua irmã, Tetê Espíndola, que jogasse as cinzas no rio Cuiabá. Foi o seu ritual de passagem ao decidir dedicar-se às artes plásticas.

Nos seus mais de 50 anos de trajetória artística, outras vertentes o tentaram: a composição musical, a interpretação, a performance, a direção de espetáculos, a produção literária, incluindo aí a poesia. Poucos sabem, mas Espíndola tem uma voz potente e comunga do extraordinário talento musical da família.

Em “Pintura e verso” (R$ 120,00), edição limitada de livro de arte em capa dura, Espíndola apresenta poemas que começou a escrever a partir de 2011, quando Marcio Markendorf, professor doutor na área de literatura, escritor e ensaísta, lhe apresenta o Twitter. O artista reconheceu na ferramenta um grande potencial para a literatura e por meio dela aconteceu um ‘grande encontro’. E assim, 77 obras acompanham 109 poemas.

Para Marcio Markendof, “Pintura e verso” figura como um trabalho comemorativo dos 50 anos de bovinocultura, oferecendo ao leitor outro produto criativo derivado da exploração estética da figura bovina – a escrita literária.

E acrescenta: “Inspirado pelos ideais do muralismo mexicano, Humberto Espíndola produziu um tipo singular de arte na abordagem de um elemento-símbolo da cultura de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”.

Encerra a sua apresentação destacando: “o conjunto de relações evocadas até agora justifica este trabalho único na literatura brasileira e nas artes visuais, concebido como projeto verbo-visual para os fins comemorativos da arte cinquentenária da bovinocultura. O encontro da pintura e da poesia, no jogo da reinvenção artística, por fim, pede a reescrita do aforismo inicial: ‘Como na pintura, o poema-boi’.”

A editora do livro Maria Teresa Carrión Carracedo, destaca que a atualidade, a enorme carga simbólica e a força da obra de Espíndola surpreende com frequência:

“Mergulhados em uma grande polêmica internacional em relação às trágicas queimadas e ao desmatamento criminoso na Amazônia, eis que o artista nos oferece em seu livro a obra ‘Devastação da Amazônia’, um óleo sobre tela de 1980 (130 x 170 cm), magnífico e icônico, pertencente ao acervo do Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT – o mesmo museu que ajudou a fundar na década de 1970, com a crítica de arte e animadora cultural Aline Figueiredo. E para a obra, Espíndola escreve o seguinte poema: ‘Ah esse Nortão / do mato grosso e misterioso… / Verde ainda te quero / Via sacra de quadros dolorosos / Madeiro de cruzes / e oxigênios derramados’. É impossível ficar indiferente a uma obra ou a um poema de Espíndola.”

Como reconhecimento aos 50 anos dedicados à bovinocultura e por meio dela à reflexão e discussão de vanguarda de questões importantes para o Brasil e o mundo, destacadamente em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Espíndola acaba de receber dois títulos de Doutor Honoris Causa. Um pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e outro pela Universidade Católica Dom Bosco.

Ao falar aos leitores sobre o seu grande encontro com a poesia e a arte, Espíndola pontua: “Penso, qual plástica ajunto a essa literatura? Na verdade, apenas cenário desse teatro existencial onde a síntese poética versus a imagem é a razão do mistério simbólico. A intuição é sempre salvadora. Este é o resultado que lhes entrego.”

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