Cidades

Homens que filmaram agressão a morador de rua podem ter que pagar R$ 1,7 milhão

Defensoria Pública ingressou com ação em que pede reparação a danos morais cometidos contra a vítima e contra a sociedade

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Homens que filmaram agressão a morador de rua podem ter que pagar R$ 1,7 milhão
(Foto: Reprodução)

A Defensoria Pública de Mato Grosso quer que os dois homens envolvidos na agressão contra um morador de rua de Sinop (500 km de Cuiabá) paguem R$ 1,7 milhão a título de indenização por danos morais coletivos.

O caso ganhou destaque nacional porque os próprios agressores – Hildebrando José Pais dos Santos e Adonias Correia de Santana – gravaram toda a ação e o vídeo viralizou nas redes sociais.

O crime ocorreu no dia 6 de abril de 2020. Ao verem Anderson Luís da Silva Zahn, 26 anos, em um cruzamento segurando uma placa com os dizeres “tô com fome, você pode me ajudar?”, Hidelbrando e Adonias ofereceram uma nota de R$ 20 com o pretexto de atrair Anderson até o carro em que estavam e, assim, poder agredi-lo.

A dupla ainda humilhou o então morador de rua o que, para a Defensoria Pública de Mato Grosso, “demonstra o planejamento de toda a ação ilícita, com o intuito único de desmoralizar e vilipendiar um cidadão que, em razão de sua condição de vulnerabilidade social, apenas suplicava por ajuda para poder comer”.

Dos R$ 1,7 milhão requeridos na ação proposta na última quinta-feira (22), R$ 700 mil são por danos individuais cometidos contra Anderson e R$ 1 milhão por danos coletivos, que devem ser destinados ao Fundo Estadual de Defesa das Pessoas em Situação de Rua.

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Recuperação

Anderson, que vivia na rua na época do crime há cerca de oito anos, hoje está casado, recuperado da dependência química e empregado. Por telefone, ele contou à assessoria de comunicação da Defensoria Pública como foi sua trajetória desde aquele dia.

“Naquele momento, eu me senti um lixo, um nada. Porque eu já morava na rua, as pessoas, quando olhavam para mim, achavam que eu ia roubar, quando chegava para pedir. Eu me coloquei mais para baixo ainda”, relatou.

Natural de Tapurah (430 km de Cuiabá), assim como defensores públicos que aturaram no caso, ele acredita que os agressores premeditaram toda a situação. “Na hora, eu vi o rapaz com o celular na mão, mas jamais eu ia imaginar que o cara estava gravando. Eles já tinham o intuito de me bater”.

Anderson lutava contra a dependência química e o vício resultou em um divórcio há cerca de dois anos. Mas a ajuda chegou. Segundo ele, um amigo advogado lhe ofereceu tratamento.

Ele foi internado em uma clínica particular em Cuiabá. Passou por seis meses de recuperação e, hoje, afirma estar livre das drogas.

“Quando eu saí, meu cunhado me arrumou um serviço de servente. Depois que saí da clínica, não parei de trabalhar e nunca mais usei drogas. Agora, estou trabalhando como pedreiro”, contou, orgulhoso.

Em janeiro deste ano, Anderson se casou novamente e, com o novo emprego, passou a morar de aluguel. “Quem me vê agora nem acredita que era eu naquele vídeo. Hoje, se eu encontrar uma pessoa na rua, vou fazer o possível para tirar aquela pessoa de lá”, disse.

A ação da Defensoria é assinada pelo defensor público Leandro Jesus Pizarro Torrano, coordenador do Núcleo Cível de Sinop, e pelos defensores públicos e membros do Gaedic Pop Rua, João Paulo Carvalho Dias, Kelly Christina Veras Otacio Monteiro, Rosana Esteves Monteiro Sotto Mayor, e Shalimar Bencice e Silva.

(Com Assessoria)

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