Judiciário

“Hoje eu acredito que sim”, diz pai de Mirella Chuê sobre o envenenamento da menina pela madrasta

José Mario Gonçalves afirmou que Jaíra Gonçalves de Arruda Oliveira era quem tomava a frente sobre a condução da criança aos médicos

5 minutos de leitura
“Hoje eu acredito que sim”, diz pai de Mirella Chuê sobre o envenenamento da menina pela madrasta
José Mario Gonçalves, pai de Mirela Chuê, se emocionou durante o depoimento (Foto: Camila Rondon / TJMT)

José Mario Gonçalves, pai de Mirella Chuê de 11 anos, afirmou que agora acredita que a filha foi envenenada. A declaração foi feita em depoimento durante o primeiro dia de julgamento de Jaira Gonçalves de Arruda, em Cuiabá.

A mulher é apontada como a autora do envenenamento da criança, que era sua enteada, ocorrido em 2019. A motivação para o crime seria uma indenização de R$ 800 mil que a garota receberia pela morte da mãe, no parto. Jaira se sentou no banco dos réus nesta quinta-feira (9).

Em seu depoimento, José Mario se emocionou logo nas primeiras declarações. “Ela era minha única filha”, afirmou com a voz embargada, após fornecer os dados pessoais.

Bom relacionamento

O pai da vítima disse que a menina e a madrasta tinham um bom relacionamento e que nunca houve nenhum tipo de reclamação por parte de Mirella ou da esposa. Entretanto, afirmou que a companheira tem o “gênio forte”.

Assim que o crime aconteceu, José Mario não quis acreditar que Jaira fosse responsável pela morte da criança. Logo após a prisão da mulher, o homem escreveu uma carta para ela, ainda em 2019. “Acredito em você, sei que o que estamos passando é cruel, estamos aqui para o que der e vier, estou bem do meu jeito”, releu o texto.

Porém, essas palavras foram ditas antes da divulgação do laudo que indicou a presença de veneno no corpo da criança, frisou José Mario.

O pai de Mirella ainda disse que um tio comentou sobre a necessidade de fazer algum exame para averiguar o que teria acontecido com a menina.

“Meu mundo caiu, eu não esperava isso, jamais. Jaira ficava falando que o exame não saía logo, daí quando saiu, deu isso”, relembrou. “Quero que a Justiça seja feita, isso tem que acabar, eu não aguento mais. Eu perdi minha mulher, meus pais, minha filha. Não tem ninguém para me ajudar. Eu quero que acabe logo”, lamentou emocionado. Os pais de José Mario morreram em 2017 e 2018.

Durante seu depoimento, o pai ainda negou que a avó materna de Mirella, Claudina Chuê Marques, fosse proibida de ver a neta.

O pai ainda informou que quem decidia para onde Mirella seria levada durante as crises, era Jaira. “Ela que dizia, vamos levar em tal lugar”, reforçou.

Sem duvidar

Claudina depõe enquanto é observada por Jaira (Foto: Camila Rondon / TJMT)

A avó da vítima também foi ouvida nesta quinta-feira. Inclusive, foi a primeira a dar o depoimento. Claudina relatou que não sabia das internações recorrentes da neta. Só tomava conhecimento da situação quando ligava para saber notícias da menina.

Claudina disse que Mirella apresentou mudança de comportamento depois que foi morar com o pai e a madrasta. Porém, a criança não se abria.

A defesa de Jaira questionou a mulher sobre as possíveis agressões que a menina sofria da madrasta. Claudina alegou que tiveram várias ocorrências, como por exemplo, quando o cabelo cumprido foi cortado curto. Mas não detalhou as demais agressões que a mulher teria praticado contra Mirella.

Por outro lado, Claudina negou que tenha agredido a neta alguma vez.

Questionada pela Promotoria, de forma bem direta: “quem matou a Mirella”, em sua resposta Claudina disse que Jaira, por causa do dinheiro que a menina receberia de uma indenização.

Os R$ 800 mil seriam resultado de uma ação judicial movida contra um hospital da Capital, por conta da morte da mãe de Mirella, no parto da menina.

“Quando eu interno não passo mal”

Médica Viviane Cabral depôs sem Jaira no tribunal (Foto: Camila Rondon / TJMT)

Esse foi o pedido feito por Mirella a médica neuropediatra infantil Viviane Cabral. A profissional relatou ainda que passou o seu número pessoal para Jaira, para que pudesse atender a menina quando necessário. Entretanto, o telefone nunca tocou.

A especialista tinha atendido a criança num dia que Mirella estar com vômito, dores abdominais, febre alta, desorientada e convulsionando, além da frequência cardíaca alta.

No dia anterior ao encontro entre Viviane e a paciente, a menina havia recebido alta do Hospital Santa Rosa. A confirmação foi dada à médica por um colega, que disse que a criança saiu andando e pode ser liberada porque estava bem de saúde.

Mirella quando chegava aos hospitais, apresentava um quadro grave, tanto que chegou a ser entubada. Mas assim que melhorava, era extubada e recebia alta. A equipe jamais desconfiou de um envenenamento.

Um grande susto

Ver a menina dando entrada no hospital, morta, foi um grande susto, de acordo com a enfermeira Vilmara Correia de Andrade.

Inclusive, ao ligar para uma médica e avisar que a menina chegou em óbito, foi informada pela profissional que Jaira tinha pedido um atestado de gastos médicos com a criança.

Demais oitivas

Foram ouvidas outras 6 pessoas, dentre elas parentes de Mirella e Jaira. Os familiares da acusada afirmaram que a relação entre madrasta e enteada era tranquila e que a comida da criança não era feita separadamente.

 

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes