Rosi Benedita da Silva Yonekubo, de 56 anos, morreu no domingo (7). Após a morte, a família registrou um boletim de ocorrência. O motivo: a suspeita de covid-19 atestada no prontuário do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
Segundo os parentes, ao menos dois exames negaram a presença do novo coronavírus no organismo de Rosi.
Os problemas de saúde começaram no dia 3 junho. Sem se sentir bem, Rosi procurou uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e foi examinada.
No dia seguinte, ela não apresentou melhora e procurou a unidade novamente. A paciente ficou um dia em observação e depois foi encaminhada ao HMC.
De acordo com o filho, Rafael Yonekubo, na unidade o caso foi tratado como pneumonia, infecção urinária e suspeita de covid-19.
“Fizeram vários exames, tiraram chapa do pulmão e não tinha nada. O médico informou que já havia entrado com azitromicina e, quando questionado sobre a cloroquina, disse que só com a autorização do infectologista”, relatou Rafael.
Exames negativos
Um teste rápido feito após a entrada teve resultado negativo, segundo o filho. O segundo exame, realizado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) teve o mesmo resultado, de acordo com a família.
O prontuário do HMC diz que a paciente morreu após 15 minutos de tentativa de reanimação, por SARS (Síndrome respiratória aguda Grave). Mas o documento também fala em diabetes, obesidade e hipertensão.
Dor e revolta
Ao serem avisados da morte, os filhos alegam que não puderam reconhecer o corpo da mãe ou dar o último adeus.
“É um misto de dor e revolta. Não tem como descrever o sentimento de ser impedido de ver a mãe. Guardo dentro de mim a imagem mais cruel que tive nos meus 40 anos de vida: o enterro da minha mãe”, desabafa.
Um boletim de ocorrência foi registrado pela família para denunciar o caso.
“O que eu vejo é que estão usando essas mortes para gerar estatística e ganhar dinheiro federal. Outras pessoas viram o meu relato e me procuraram com a mesma denúncia”, finaliza.
O que diz o município
Em nota, a prefeitura lamentou o ocorrido e alegou que, diante da suspeita, seguiu o protocolo para não disseminação do vírus.
“Embora o hospital lamente o ocorrido, frente à pandemia, e aos sintomas clínicos apresentados pela paciente, não havia qualquer outra atitude a ser tomada senão essa que visou prezar pela segurança de todos, inclusive os familiares da paciente”, diz trecho.