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História de criminoso morto em confronto com PM inspirou filme do cineasta Bruno Bini

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História de criminoso morto em confronto com PM inspirou filme do cineasta Bruno Bini

“Comunidade se une para pagar advogado e livrar traficante de cadeia”. Foi com uma manchete parecida, publicada em maio de 2007, que o cineasta Bruno Bini chegou à história de Flávio de Castro Lima, 31 anos, conhecido como “Sapinho”, morto na noite de ontem (1º) durante confronto com policiais no bairro Novo Colorado, em Cuiabá.

Mesmo com Sapinho tendo uma extensa ficha criminal, de homicídios e envolvimento com o tráfico de drogas, moradores do bairro, à época, fizeram rifas e bingos para angariar fundos e pagar um bom advogado com o intuito de livrá-lo das grades. O motivo? Ele traria “sossego” à comunidade. “Ele conseguiu expulsar os bandidos e ainda desafiou os ladrões do bairro vizinho – e quem invadisse o bairro seria executado”, disseram moradores à imprensa, naquele ano.

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A história ficou guardada nos arquivos do cineasta por quase uma década, até que um roteiro adaptado, um curta, inspirado no esforço da comunidade em tirá-lo da prisão, nasceu. “Três tipos de medo” foi rodado em 2015. A equipe de filmagem passou ao menos uma semana instalada no bairro Novo Colorado. Jonathan Haagensen é quem interpreta o personagem inspirado no traficante nas telas.

Personagem de Jonathan Haagensen é inspirado na história do criminoso

“O filme foi desenvolvido para ser um longa, mas precisei adaptar o material para que pudesse participar do edital 2015 de apoio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio da prefeitura de Cuiabá”, explicou. O curta já ganhou nove prêmios, entre eles de Melhor Filme Internacional do Canberra Short Film Festival, na Austrália. O festival ainda premiou o diretor com o prêmio de Melhor Roteiro Internacional.

Há cerca de um mês um novo edital foi publicado, e o longa sairá do papel, o segundo do cineasta. O “Cinco tipos de medo” também será gravado no Novo Colorado, em 2019.

Com a notícia da morte de Sapinho, Bini disse estar triste, pois esse parecia ser mesmo o destino dele. Os dois nunca se encontraram. “É complicado fazer juízo de valor sobre a história dele, nunca pretendi isso. Mas quis falar desse ciclo de violência na vida da rapaziada das comunidades carentes”, explicou o cineasta.

Bini revelou também que inicialmente não haverá mudanças na narrativa do longa. “É um filme com vários personagens, que trata da violência urbana e da maneira como ela nos afeta. Um filme para levantar a discussão que, como vimos, precisa ser feita”, finalizou.

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