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HG alerta sobre ingestão de objetos estranhos por crianças

É constante o risco de acidentes com crianças até quatro anos, que estão conhecendo o mundo e gostam de levar os objetos à boca

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HG alerta sobre ingestão de objetos estranhos por crianças
(Foto: Cottonbro / Pexels)

Os pais da pequena L.N.O, de três anos, se viram em desespero quando ela engoliu um objeto e não conseguia respirar. Ela foi encaminhada para atendimento emergencial ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) e foi solicitado auxílio pela direção do HMC ao Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá (HG) para o procedimento de retirada do corpo estranho pela equipe do Dr. Dergan Baracat.

O médico otorrinolaringologista do HG, Dr. Dergan Baracat, explicou que este tipo de acidente é constante em crianças de até quatro anos de idade, pois exploram o mundo e costumam levar tudo à boca. Ele conta que a criança já não estava mais conseguindo respirar e que o procedimento realizado no HG foi um sucesso.

“A gravidade neste caso foi que o objeto engolido pela criança (um pingente em formato de coração) não foi expulso pelo organismo, pois ficou alojado no esôfago, o que poderia ter levado a óbito”, destacou o médico.


(Foto: Divulgação / Assessoria HG)

A manicure, Eronildes da Silva Neves, de 33 anos, que é mãe da criança, conta que comprou uma blusa com alguns adornos e dentre eles, havia esse pingente de coração. No entanto, sempre retira esses acessórios das roupas da menina, mas desta vez esqueceu.

“Estava limpando a casa, quando a minha filha chegou e falou que tinha engolido o coração, na hora corri com ela para o Posto de Saúde, mas como não tinha médicos e nem enfermeiros, fui encaminhada para a UPA da Morada do Ouro”.

Eronildes relata que ali começou a batalha, quando fizeram o raio x, verificaram o objeto perto da laringe da filha, foi somente aí que nos transferiram para o HMC. “Na sexta-feira passada, os médicos tiveram que entubar a minha filha, pois ela já não estava mais conseguindo respirar. A cirurgia realizada na segunda-feira não foi satisfatória. Foi aí que eles buscaram o apoio do HG, para que pudesse ser feito o procedimento pelo médico que é especialista nestes casos”.

L.N.O foi submetida a uma cirurgia ontem no Hospital Geral e depois foi transferida novamente para o HMC, onde permanece em estado de recuperação.

Estimativas

Segundo dados do Ministério da Saúde e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), a principal causa de mortes por acidentes em crianças menores de um ano é a asfixia, uma vez que o material engolido pode comprimir e pressionar a laringe.

Além disso, acidentes ou lesões não intencionais são responsáveis, em média, pela internação de mais de 111 mil crianças no Brasil, levando 3,6 mil a óbito todos os anos, segundo os dados mais recentes disponíveis do Ministério da Saúde (2019). Isso significa que existe uma epidemia de acidentes, que são a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos de idade (DataSUS).

Dergan alerta os pais que as crianças menores de quatro anos estão particularmente mais vulneráveis a acidentes envolvendo sufocamento e engasgamento devido ao pequeno tamanho de suas vias aéreas superiores (boca, garganta, esôfago e traqueia).


Dr Dergan e a equipe cirúrgica (Foto: Divulgação / Assessoria HG)

O diretor clínico do HG, Dr. Antônio Figueiredo, frisa que esses acidentes podem agravar quando os pais tentam intervir. “Quando os pais notam o ocorrido, eles ficam mais nervosos e acabam tomando atitudes visando ajudar o filho, mas sem saber podem prejudicar ainda mais as crianças nesta situação. O mais aconselhável é manter a calma e procurar imediatamente auxílio médico, principalmente quando o objeto for colocado no nariz, pois pode ser aspirado para o pulmão”, destaca Figueiredo.

Dr. Dergan ressalta que a postura dos pais deve ser constante, uma vez que é preciso ter sempre alguém alerta com a criança quando ela está brincando ou comendo. “Os pais devem saber que nesta idade, é necessário retirar de perto todos os objetos que forem pequenos e couber na boca do filho, para evitar esses acidentes”.

Eronildes aproveita para agradecer todo o apoio que tem recebido dos médicos, das enfermeiras e toda a equipe dos dois hospitais. “Tenho muito que agradecer ao Dr. Dergan que salvou a vida da minha filha, sem ele não sei o que seria de nós. Além disso, agradeço também a equipe do HMC que desde o início vem cuidando dela com todo carinho. Também quero alertar aos pais para não comprar essas roupas com esses adornos, ou caso comprem que retirem para evitar esses acidentes como aconteceu comigo”.

Tomem cuidado!

(Foto: Sharon McCutcheon / Pexels)

Há uma série de medidas preventivas que podem ser tomadas em casa ou na escola e que podem ajudar a evitar esses problemas. Entre elas, estão:

1) Ensinar a criança a não colocar pequenos objetos entre os lábios ou na boca;

2) Certificar-se de que os brinquedos estão em boas condições e são adequados à idade;

3) Comprar brinquedos adequados à idade da criança e certificados pelo INMETRO;

4) Oferecer alimentos bem cortados e em pequenas quantidades para evitar que as crianças coloquem muita comida na boca e se engasgue;

5) Ensinar as crianças a mastigar bem seus alimentos. Sentar-se e comer com elas para dar o exemplo, sendo um modelo positivo, mastigando bem os alimentos e comendo lentamente;

6) Não dar alimentos duros e crocantes (como pipocas, doces duros, amendoins, entre outros.) a uma criança até que tenham pelo menos 5 anos de idade;

7) Ter muito cuidado com alimentos que possam se amoldar na via aérea (uvas, tomate cereja);

8) Certificar-se de que a criança esteja acordada e bem alerta antes de oferecer comida;

9) Nunca dar ou deixar que a criança ou bebê se alimente deitado;

10) Não oferecer nada para a criança comer ou beber enquanto estiverem andando, brincando, falando ou chorando.

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(Com Assessoria)

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