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Gravidez precoce tira até 35% das adolescentes da sala de aula, aponta pesquisa

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Gravidez precoce tira até 35% das adolescentes da sala de aula, aponta pesquisa
(Foto: Reprodução)

Aos 20 anos, Michelle Gabriela da Silva faz parte das estatísticas de jovens que abandonaram os estudos depois de engravidar precocemente. Hoje, o pequeno Pedro, que tem três anos, mora com os avós em outra cidade, enquanto a mãe trabalha em Sinop (500 Km de Cuiabá).

Michelle e Pedro.

“Quando engravidei, eu morava em Guarantã do Norte, tinha acabado de terminar o ensino médio. Meu sonho era estudar estética e cosmetologia em Sinop, porém, tive que mudar meus planos. Comecei a faculdade por lá mesmo, mas acabei abandonando, devido as complicações que tive na gravidez”, conta.

Um levantamento feito pela ONG Todos pela Educação, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, aponta que mais de 10% das meninas brasileiras abandonaram os estudos e o motivo foi uma gravidez. Em outra faixa do gráfico, 25% relataram que deixaram de estudar porque tinham que cuidar dos filhos em casa.

Os dados de evasão escolar por conta de uma gravidez precoce são avaliados pela psicóloga Emanuele da Costa.

“Uma gravidez na adolescência não é bem vista pela sociedade, é alvo de muito preconceito. Alguns pais consideram as adolescentes grávidas como um mau exemplo, privando seus filhos, até mesmo, da aproximação com estas meninas. Esses fatores acabam as afastando da escola”, explica.

A profissional ainda lembra que a falta de conhecimento e instrução são as principais causas da gestação precoce.

“É aconselhável que os pais sejam sinceros para diminuir os riscos. Quando uma criança tiver a curiosidade e perguntar sobre o assunto, é necessário que seja fornecida uma informação real, de acordo com a idade. Se não houver orientação dentro de casa, elas vão acabar pegando as referências na internet ou com estranhos e podem absorver de forma incorreta”, alertou.

Emanuele lembra que a gravidez é o menor dos problemas. Segundo a psicóloga, por falta de informação, os jovens estão correndo o risco de contrair uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Muitas dessas doenças são irreversíveis.

Falta de apoio em casa

Michelle lembra que, além do preconceito das outras pessoas, a não aceitação por parte da família é um agravante. “No início, meus pais não aceitavam, criticaram muito e isso é um ponto negativo. Com o passar do tempo, eles foram se apaixonando pelo bebê, aí a situação começou a ficar melhor”, pontua.

A psicóloga aponta que essa situação pode gerar transtornos psicológicos. “O namorado acaba abandonando, os colegas se afastando. Então, toda esperança de apoio está voltada para a família, que muitas vezes também não aceita. A adolescente sofre muitos impactos psicossociais, por não estar em uma situação favorável”, afirma.

Devido a esse fator, Emanuele lembra que unidades básicas de saúde oferecem acompanhamento para as jovens nessa situação. “Os postos de saúdes disponibilizam a psicoterapia para essas garotas de forma gratuita. A função dessa consulta é causar a aproximação dos familiares, pois a família costuma ser mais crítica”, conclui.

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