A Secretaria de Saúde (SES) já tem prontas medidas restritivas para aplicar aos municípios com confirmação de transmissão local ou comunitária do coronavírus. O decreto foi baixado na terça-feira (31), mas a maioria dos municípios já adota as regras para controlar a doença há ao menos uma semana.
O plano lançado pela Secretaria de Saúde mostra que a avaliação do contágio da pandemia feita pelo Estado e pelos municípios estão em etapas diferentes. E somente neste momento se aplicaria o controle de circulação de pessoas e do funcionamento do comércio.
Apesar do Estado chamar as medidas de mais rígidas, o decreto nº 432 determina, para municípios reconhecidos com transmissão local, ações como o isolamento de grupo de riscos.
As restrições
A lista é mesma adotada pelos municípios – idosos mais de 60 anos, diabéticos, hipertensos, com insuficiência renal crônica, com doença respiratória crônica, com doença cardiovascular, com câncer, com doença autoimune ou outras afecções que deprimam o sistema imunológico e/ou gestantes e lactantes.
“Nesses casos, a população tem assegurada a circulação apenas para realização de necessidades imediatas de alimentação, cuidados de saúde e exercício de atividades essenciais”, informa a SES.
A população nesses municípios tem assegurada a circulação apenas para realização de necessidades imediatas de alimentação, cuidados de saúde e exercício de atividades essenciais.
Já nos casos de transmissão comunitária, as medidas a serem adotadas são, além da restrição de circulação de pessoas pertencentes ao grupo de risco, restringir também o exercício de atividades não consideradas essenciais, que também estão definidas pelo decreto.
Transmissões locais e comunitárias
A Secretaria de Saúde classifica de transmissão local do coronavírus quando existe vínculo de um contágio para outros, sendo possível confirmar e identificar o agente transmissor.
Há evolução para a transmissão comunitária quando não se pode identificar a origem da transmissão, o vínculo de contágio fica impossível de confirmação.
Conforme a SES, há ocorrência de um ou outro tipo de contágio em três municípios até este momento. Rondonópolis, que tinha cinco casos confirmados no último boletim epidemiológico, já registrou a versão mais controlada da transmissão.
Cuiabá, a cidade com mais incidência (19), e Várzea Grande (2), já tem registro de transmissão comunitária.
A adoção de medidas mais rígidas de controle do coronavírus aparece no momento em que a maior número de casos suspeitos espalhados por municípios.
O reconhecimento de transmissão será avaliado pela Secretaria de Saúde, que ficará também responsável pela divulgação de uma lista dos municípios no quadro epidemiológico.
Preparação
A médica Márcia Hueb, coordenadora das ações contra o coronavírus no Hospital Júlio Müller, defende o isolamento social como a melhor medida, neste momento, para a prevenção contágio. Mas entende que os municípios em Mato Grosso poderiam usar o tempo sem ocorrência de contágio para se preparem.
“A situação é grave e o único meio de conter a pandemia é pelo isolamento de todos. Não conheço a realidade de cada um, mas é possível que tenha havido um excesso com antecipação de medidas mais restritivas”, comenta.
A especialista em epidemiologia diz que o cenário de crise na saúde é formado pelo fluxo intenso de pacientes nos hospitais e pela falta de estrutura para prestar atendimento.
“O que chamo de crise é ter muitos pacientes infectados e consequente muitos com necessidade de internação, sem ter esses leitos para tratá-los. Seria o pior dos cenários, aquilo que observamos em países da Europa e até mesmo nos Estados Unidos”, alerta.
Para enfrentar a situação, médica aponta para a necessidade de ações coordenadas entre Estado e municípios na construção de uma rede de atendimento.
Esse fase de preparação começou a ser executada há cerca de duas semanas em Mato Grosso, com coordenação entre as secretarias de saúde do Estado, Cuiabá e Várzea Grande.
Os decretos municipais com medidas restritivas vieram antes dessa decisão.