Em Mato Grosso, a expectativa dos últimos dias girava em torno da aprovação do projeto que anteciparia feriados no Estado. Ideia do governo, a proposta foi rejeitada pelos deputados, nesta terça-feira (23). Após a derrota, o governador Mauro Mendes (DEM) lamentou a situação e fez um apelo aos mato-grossenses.
“O projeto não foi aprovado, infelizmente. Estamos numa democracia e o poder do governador não é absoluto. Com ou sem feriados, quero pedir a colaboração de todos para que nos esforcemos para praticar e reforçar o distanciamento social. O momento exige isso para salvarmos a sua vida, a vida da sua família e das pessoas que você ama”, escreveu.
A proposta de Mendes previa 10 dias de feriado antecipado para os 141 municípios em uma espécie lockdown. O projeto foi rejeitado e arquivado ainda na análise das comissões – antes de ter o mérito apreciado pelos parlamentares.
Mendes chegou a se reunir com membros da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para tentar convencê-los, em vão.
Ao se manifestar sobre a derrota, o governador apontou para os dados recordes da covid-19 no Estado: na segunda-feira (22), 125 pessoas morreram com a doença. Esse é o maior número de mortes diárias desde o início da pandemia.
Investimentos e dificuldades
Mendes também desabafou sobre a situação do sistema de saúde em Mato Grosso, que enfrenta o maior desafio nos últimos tempos. Ao todo, o Estado possui 535 leitos de UTI para tratar covid-19, entre pactuadas, cofinanciadas e próprias.
Mauro promete abrir mais 120 leitos de UTI e 500 clínicos, mas esbarra em um problema, que não é dinheiro. No primeiro semestre do ano passado, Mato Grosso foi o único Estado a ter aumento arrecadação, segundo o Conselho Nacional de Política Fazendária.
“O problema não é dinheiro, meus amigos. Temos recursos para abrir outras centenas. Mas dependemos de profissionais de saúde, que estão escassos, que estão trabalhando no limite”, afirmou o governador, citando também a falta de remédios e vacinas.
Trabalhador e empresário
Se dirigindo aos trabalhadores e empresário, o governador admitiu o momento difícil e se disse sensível às dificuldades.
“Estamos sensíveis às dificuldades de você, trabalhador. Também sou empresário. Conheço de perto a rotina de empregadores e empregados. Mas só pode trabalhar quem está vivo, só pode procurar emprego quem tem saúde. Teremos tempo para retomar a economia, mas a luta para salvar vidas é urgente”, pontuou.
No último mês, Mendes decretou multa para pessoas e empresas que aglomerarem. Os valores foram aumentados e triplicados em casos de reincidência.
“Aumentamos as multas para pessoas e empresas. Triplicamos para quem reincidir, e vamos fechar os estabelecimentos que insistirem na ilegalidade. Seremos intolerantes com irresponsáveis que possam causar a morte de mais mato-grossenses”, completou.
Para fazer valer o decreto, as forças de Segurança devem intensificar as fiscalização nos locais frequentes aglomeração, “como os condomínios, os bairros, beira dos rios, portas de conveniência e outros”, reforçou também o governador.