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Governador comunicou a Justiça de vazamento sobre prisões de secretários

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Governador comunicou a Justiça de vazamento sobre prisões de secretários

 Ednilson Aguiar/O Livre

Coronel Evandro Lesco, chefe da Casa Militar

O coronel Evandro Lesco, secretário-chefe da Casa Militar

O governador Pedro Taques comunicou o Tribunal de Justiça que os coroneis Evandro Lesco e Airton Siqueira Júnior foram avisados, na manhã desta sexta-feira (23), de buscas e mandados de prisão expedidos contra os dois militares no âmbito da investigação sobre grampos ilegais. O vazamento também foi relatado ao governador pelo secretário-chefe da Casa Civil, José Adolpho de Lima Avelino Vieira.

Os três secretários informaram a Taques que foram procurados pelo corregedor-geral da Polícia Militar, Alexandre Corrêa Mendes, e pelo diretor de inteligência da PM, coronel Victor Paulo Fortes Pereira, logo de manhã, e que receberam informações de que o chefe do Inquérito Policial Militar, coronel Jorge Catarino de Moraes, teria pedido as prisões ao desembargador Orlando Perri.

Durante a tarde, depois que o LIVRE noticiou as ordens de prisão contra Lesco e Siqueira, o governador anunciou a substituição do comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, Jorge Luiz de Magalhães. No lugar dele, vai assumir o coronel Marcos Vieira da Cunha. A troca será oficializada na segunda-feira (26), em cerimônia no Comando Geral da Polícia Militar, em Cuiabá. 

Lesco e Siqueira estiveram reunidos no Palácio Paiaguás com o governador Pedro Taques nesta tarde, mas não falaram com a imprensa. 

O Tribunal de Justiça esclareceu que o vazamento de informações não envolveu servidores, juízes, nem militares cedidos ao Poder Judiciário. O desembargador Orlando Perri não se manifestará, pois o caso está em segredo de Justiça. 

Outros militares
Há exatamente um mês, no dia 23 de maio, foram presos outros dois militares: o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante geral da Polícia Militar, e o cabo Gerson Luiz Golveia Júnior.

Em depoimento colhido pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PM) no final de maio, a sargento Andrea Pereira de Mouro Cardoso, que foi apontada como um dos três militares que tiveram acesso a escutas ilegais, informou que um escritório no Centro de Cuiabá, equipado com telefones e computadores, teria sido montado a partir de articulações do coronel Siqueira Junior.

Compra de equipamentos
Na denúncia sobre os grampos ilegais feita pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública, aparece uma nota fiscal de pouco mais de R$ 20 mil em nome do coronel Lesco. A nota se refere a “módulo gsm” no valor de R$15,7 mil, utilizado para fazer gravações, e um “servidor de aplicação” no valor de R$ 8,5 mil, usado para armazenar escutas.

Embora esteja em nome do militar, o endereço que aparece na nota é “Avenida Historiador Rubens de Mendonça, 6135”, onde está localizado o Comando da Polícia Militar de Mato Grosso. A compra foi feita em uma loja de equipamentos de tecnologia em Cuiabá. Quando a reportagem foi publicada, o LIVRE procurou Lesco, mas ele não quis comentar o documento.

A investigação
O caso de interceptações telefônicas ilegais foi denunciado pelos promotores de Justiça Mauro Zaque e Fábio Galindo enquanto ambos respondiam pela pasta de Segurança Pública, em 2015. Os crimes vieram à tona no dia 11 de maio deste ano, quando uma reportagem do Fantástico esteve em Cuiabá realizando entrevistas sobre o caso.

No mesmo dia, o então secretário-chefe da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, deixou o cargo – o telefone de uma mulher apontada como ex-amante dele aparece na lista de números grampeados. O governador diz que a denúncia apresentada por Zaque foi uma fraude.

Segundo a denúncia, uma investigação de tráfico de drogas em Cáceres foi usada para o esquema conhecido como “barriga de aluguel”: foram incluídos nas escutas os telefones de pessoas que não tinham ligação com os crimes. Números da deputada estadual Janaína Riva (PMDB), do ex-vereador Clovito Hugueney (falecido), do desembargador aposentado José Ferreira Leite, do jornalista José Marcondes “Muvuca”, do advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, de médicos e de outros profissionais aparecem na lista.

Um telefone que pertencia a uma policial da inteligência do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também teria sido interceptado ilegalmente: à época, o MP investigava as operações Metástase, Chacal, Seven e Rêmora.

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