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Gilmar Mendes vincula MP a grampos e gera polêmica

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Gilmar Mendes vincula MP a grampos e gera polêmica

Ueslei MarcelinoReuters

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 Gilmar Mendes atribuiu ocorrência de grampos ilegais ao Ministério Público de MT

A Associação Mato-grossense do Ministério Público (AMMP) divulgou nota de repúdio às declarações atribuídas pelo jornal O Estado de S.Paulo ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em reportagem publicada nesta quarta-feira, o jornal afirma que o ministro, durante sua fala na abertura do 7º Seminário Internacional de Direito Administrativo e Administração Pública, realizado em Brasília, citou o MP de Mato Grosso e o caso dos grampos ilegais para criticar “abusos” cometidos em investigações pelo Brasil.

“Neste final de semana estive no Mato Grosso e de lá vem com a notícia de que há um festival de abusos feito no âmbito de investigação e essas notícias infelizmente se repetem Brasil afora, feita pelo Ministério Público, a chamada barriga de aluguel – o uso de de interceptação telefônica pra atingir adversários políticos ou até pessoas nas relações privadas. Isso por falta de controle, temos de fazer esse tipo de discussão”, disse o ministro, segundo o jornal.

No evento, Mendes defendeu a necessidade de limites para as colaborações premiadas. “Vamos começar a discutir de maneira mais vertical, mais aprofundada a questão das colaborações premiadas e seus limites, um tema que obviamente está na agenda política e também na agenda institucional do País”, defendeu.

Falácia
Em nota, a AMMP declarou “repúdio” às declarações do ministro do STF. “Visando a criticar supostos abusos ocorridos em investigações criminais no país, de maneira leviana e irresponsável, o Ministro citou como exemplo o envolvimento fantasioso do Ministério Público de Mato Grosso no esquema de interceptações telefônicas fraudulento”, diz trecho da manifestação.

A entidade qualificou as afirmações de Mendes como “inadequadas” para um magistrado. “O modelo de conduta esperado por todos é o da serenidade, prudência, moderação, confiabilidade e certeza do que diz; nunca o da especulação, da falácia, do boato infundado e do insulto caviloso”.

Em referência ao promotor Mauro Zaque, a AMMP diz que o esquema de intercepções passou a ser investigadio “a partir de denúncia de próprio integrante do Ministério Público”. E que irá buscar a “aplicação das sanções cabíveis” ao ministro.

Confira a íntegra da nota:

NOTA DE REPÚDIO

A AMMP – Associação Mato-grossense do Ministério Público, entidade de classe de Promotores e Procuradores de Justiça vem a público manifestar seu veemente repúdio às declarações do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, feitas ontem, dia 20 de junho de 2017, na abertura do 7º Seminário Internacional de Direito Administrativo e Administração Pública, promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e transcritas em reportagem do jornal O Estado de São Paulo.

Visando a criticar supostos abusos ocorridos em investigações criminais no país, de maneira leviana e irresponsável, o Ministro citou como exemplo o envolvimento fantasioso do Ministério Público de Mato Grosso no esquema de interceptações telefônicas fraudulento denominado “barriga de aluguel”.

A forma e o conteúdo das afirmações foram inteiramente inadequados para ocupante de cargo na magistratura, onde o modelo de conduta esperado por todos é o da serenidade, prudência, moderação, confiabilidade e certeza do que diz; nunca o da especulação, da falácia, do boato infundado e do insulto caviloso.

As vísceras do esquema de interceptações ilícitas perpetrado para vigiar políticos opositores e bisbilhotar a relação privada dos cidadãos mato-grossenses, neste momento em fase de investigação, foram expostas a partir de denúncia de próprio integrante do Ministério Público, instituição que possui o compromisso indissolúvel com as garantias e conquistas democráticas e com o fortalecimento das instituições públicas. A AMMP mantém-se firme na defesa das liberdades individuais e do Estado de Direito e não admitirá, jamais, ataques infundados e desnecessários de quem quer seja, registrando ainda que irá buscar os meios legais para obter a retratação ou aplicação das sanções cabíveis em decorrências das afirmações falsas do citado Ministro, especialmente porque proferidas em evento jurídico e disseminadas pela imprensa nacional, o que agrava o dano causado aos seus associados.

Cuiabá, 21 de junho de 2017.

Diretoria da AMMP

Gestão Atitude e Participação

2017-2020

O LIVRE procurou o ministro Gilmar Mendes por telefone e por meio das assessorias de comunicação do STF e do TSE. Até a conclusão dessa reportagem, não houve resposta.

 

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