Ao chamar juízes de 1º grau de “essa gente”, numa referência ao que classificou como incapacidade para julgar detentores de foro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, não só criticou a atuação de magistrados, mas também de, pelo menos, quatro primos que atuam na primeira instância judicial.
A declaração dada pelo ministro no último dia 3, durante julgamento no STF que restringiu o alcance do foro privilegiado, foi alvo, inclusive, de nota de repúdio da Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público, que conta com mais de 40 mil juízes e membros do Ministério Público em todo o país.
Yale Sabo Mendes, juiz da 7ª Vara Cível de Cuiabá e um dos parentes de Gilmar Mendes atingidos pelo pronunciamento, considerou a fala do ministro “infeliz”.
“Ele já foi presidente do STF e não fez nada para melhorar a situação dos juízes. Além disso, fora os parentes dele, o qual sou com muito orgulho, ele ofendeu magistrados e membros do Ministério Público de todo Brasil”, declarou ao LIVRE.
Além de Yale, Gilmar Mendes é primo dos juízes que atuam em Mato Grosso Francisco Alexandre Ferreira Mendes e Cláudia Beatriz Schmidt, e do juiz federal no Amapá, João Bosco Costa Soares da Silva.
O juiz da 7ª Vara também rebateu a afirmação do ministro, de que a Justiça de primeiro grau não funciona e não estaria preparada para julgar detentores de foro.
Para Yale, os magistrados de 1º grau, apesar de contarem com uma assessoria muito inferior aos de 2º grau e do próprio STF, têm plenas condições de julgar políticos que até então contavam com a prerrogativa de função.
“Como disse a ministra Carmen Lúcia, os juízes de 1º grau são pessoas dignas, valorosas e estudiosas”, afirmou o parente de Gilmar Mendes.
