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Gari supera preconceito e adversidades e realiza sonho de se formar em direito

Ela conta que em muitos dias de trabalho nas ruas sentiu na pele a repulsa e o preconceito de algumas pessoas, mas nada lhe tirava o foco de vencer na vida

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Gari supera preconceito e adversidades e realiza sonho de se formar em direito
(Foto: Prefeitura de Várzea Grande)

A história de vida de Katlly Cristina da Silva, moradora do bairro Hélio Ponce, em Várzea Grande, se compara a muitas outras histórias de superação de pessoas espalhadas por esse mundão a fora, porém, a marca dominante de uma agente de limpeza, “gari”, que concluiu o curso de Direito, foi a sua resiliência – ato de não se curvar às adversidades do dia a dia.

O trabalho pesado nunca assustou Katlly Cristina, que, antes de ser aprovada no concurso da Prefeitura de Várzea Grande para ocupar a função de gari, foi vendedora de gelados na rua e em supermercado atacadista na cidade vizinha, Cuiabá, onde teve que carregar caixas no serviço de reposição.

“Nunca tive medo de trabalho, mas eu queria um que pudesse ter estabilidade. Ainda que outras pessoas dissessem que eu não iria conseguir classificar, fiz o concurso e consegui passar. O trabalho de gari é cansativo, mas não foi empecilho para que eu tivesse a minha renda e que pudesse ajudar em casa”.

Ela conta que em muitos dias de trabalho nas ruas sentiu na pele a repulsa e o preconceito de algumas pessoas, mas nada lhe tirava o foco, o de vencer na vida, e poder dar ao filho uma vida melhor.

“Eu consegui entrar na faculdade por meio do Financiamento Estudantil do Fies, e ainda que eu tenha que pensar que daqui a dois anos terei de pagar essa conta, me sinto com mais disposição ainda”, disse a servidora, que já se prepara para mais um desafio, o de passar na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Katlly Cristina disse que nesta sua trajetória teve a colaboração de algumas pessoas, como o vice-prefeito José Hazama e do coordenador da Administração Regional do Cristo Rei, Aluísio de Albuquerque, onde ela está lotada.

“Em função dos pesos que carreguei nos braços, fui acometida de um problema no ombro, o que me impedia de realizar a função de gari, daí expliquei a questão aos meus superiores, que me tiraram da rua e me colocaram para fazer o atendimento na recepção do prédio. Com essa nova função, tive mais tempo para me dedicar aos estudos. Eles têm a minha admiração, meu respeito e a minha eterna gratidão”.

O vice-prefeito José Hazama lembra que em meio a tantas notícias ruins, causadas por perdas irreparáveis – e muitas delas provocadas por esse período de pandemia – é gratificante ver que uma jovem como a Katly Cristina soube aproveitar a oportunidade e lutar pelo seu sonho.

“Muitos jovens usam como desculpa a falta de tempo, o trabalho duro, e o comodismo para não estudar, porém ela mostrou que com vontade e perseverança se pode chegar aonde quiser”, disse o gestor reforçando que este é também um papel da Administração Municipal de dar apoio e incentivar a todos os servidores.

Katlly Cristina também compartilha dessa opinião de que os sonhos podem ser realizados, basta ter vontade, disciplina e ainda se abdicar de momentos de comunhão com a família para se dedicar aos estudos. Questionada se valeu a pena, a servidora com convicção diz que o caminho às vezes é doloroso, mas que vale a pena quando se tem um ideal.

(Da Assessoria)

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