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Gaeco envia provas contra Taques e Leitão para a Procuradoria-Geral da República

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Gaeco envia provas contra Taques e Leitão para a Procuradoria-Geral da República

Ednilson Aguiar/O Livre

Alan Malouf

Empresário afirma que participou de esquema para receber de volta R$ 2 milhões da campanha de Taques

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) pediu que a Justiça de Mato Grosso envie provas colhidas com relação ao governador Pedro Taques (PSDB) e ao deputado federal Nilson Leitão (PSDB) para a Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília. O órgão é o único com prerrogativa para investigar pessoas com foro privilegiado.

Taques e Leitão foram citados pelo empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, em seus depoimentos na Operação Rêmora, que investiga desvios na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) no início da atual gestão.

“Tendo o réu Alan Ayoub Malouf alegado em sua defesa/confissão que agiu a pedido do governador do Estado de Mato Grosso, José Pedro Gonçalves Taques, bem como mencionou de forma comprometedora o deputado federal Nilson Leitão, o Ministério Público requer o compartilhamento de provas com a Procuradoria-Geral da República, para as providências que entenderem pertinentes”, escreveu o Gaeco.

O requerimento foi feito em meio às alegações finais do órgão ligado ao Ministério Público Estadual (MPE).

Segundo delação do empresário Giovani Guizardi, as empresas eram cobradas para pagar propinas de 3% a 5% sobre os valores dos contratos com a secretaria.

Durante as deflagrações de três fases da Rêmora, o Gaeco apurou que a organização criminosa se dividia em quatro núcleos, organizados de maneira autônoma e independente com objetivo de fraudar licitações e cobrar dinheiro de empresários no âmbito da Seduc.

Como operava o esquema
O núcleo político, de liderança do esquema, teria como principal peça o empresário Alan Malouf. Ele afirmou em seus depoimentos que participou dos desvios com o objetivo de receber de volta R$ 2 milhões investidos na campanha do governador Pedro Taques, da qual ele seria um dos coordenadores.

O governador nega que sua campanha tenha recebido qualquer valor irregular ou que o empresário tenha participado diretamente de sua coordenação. Em nota divulgada à imprensa, a assessoria de comunicação do governo chamou de “levianas” as declarações de Malouf. 

O engenheiro eletricista Edézio Corrêa, réu ao lado de Malouf na terceira fase da operação, indicou que, ao realizar depósitos que seriam destinados ao ex-secretário de Educação Permínio Pinto ele descobriu que o destino, na verdade, seria uma rádio pertencente ao deputado Nilson Leitão. O parlamentar também nega qualquer participação nos crimes investigados.

O núcleo de agentes públicos seria formado pelo ex-secretário, além dos servidores Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri, Moises Dias da Silva e Juliano Jorge Haddad. Este grupo agiria para facilitar o acesso de empresários a informações sobre licitações e também para se assegurar que eles se sagrassem campeões dos editais de obras abertos pela Seduc.

Os operadores Giovani Guizardi, Luiz Fernando da Costa Rondon e Leonardo Guimarães Rodrigues seriam responsáveis pela execução do esquema, realizando a cobrança da propina junto a empresários e a entrega dos recursos desviados a seu destino final. Em seu acordo de delação premiada, Guizardi afirma que ao menos R$ 260 mil foram desviados.

No núcleo de empresários, o MPE identificou 18 empreiteiros e empresas que teriam distribuído as obras entre si, atuando na formação de um cartel. Rondon e Rodrigues, além do empresário Esper Haddad Neto, seriam as lideranças entre os que contribuíram com propina ao esquema.

OUTRO LADO

O deputado federal Nilson Leitão afirma que não tem qualquer relação com os crimes investigados na Rêmora. “O Gaeco fez o correto, até porque eles não podem me investigar, né? No meu entender isso já tinha até sido arquivado na PGR, mas se tiver algum tipo de informação ou algum esclarecimento que eu precise prestar eu estou à disposição da Justiça”, disse. “Estou muito tranquilo”, completou Leitão. O deputado afirma que não é proprietário de nenhuma rádio e que a empresa citada por Edésio é de propriedade de Permínio Pinto.

Confira nota do governo do Estado sobre o assunto: 

Acerca do pedido do Ministério Público de Mato Grosso de compartilhamento de provas da Operação Rêmora com a Procuradoria-Geral da República, o Governo de Mato Grosso vem a público esclarecer o que segue:

01) O governador Pedro Taques nega enfaticamente as afirmações levianas e absurdas do investigado Alan Malouf sobre a fantasiosa existência de valores não contabilizados (o chamado “caixa dois”) na campanha de 2014, e reitera que todas as movimentações financeiras do referido pleito eleitoral encontram-se devidamente registradas na Prestação de Contas do PDT, partido pelo qual Pedro Taques disputou aquelas eleições – inclusive as despesas ainda não pagas – sendo que a prestação de contas da campanha foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.

02) O governador afirma, ainda, que Alan Malouf jamais exerceu qualquer cargo ou delegação na arrecadação de fundos eleitorais, e que todas as doações, de pessoas físicas ou jurídicas (na época, permitidas) foram devidamente registradas. Portanto, caso haja qualquer valor que eventualmente tenha sido movimento pelo investigado e que não esteja contabilizado, não foi utilizado na campanha, cabendo apenas e tão somente ao investigado esclarecer origem e destino dos valores por ele mencionados.

03) O governador classifica as declarações do investigando como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-lo em ações criminosas das quais jamais teve conhecimento, tampouco delas deu ordem ou participou. Lamenta, ainda, que o investigado tente envolvê-lo nos atos ilegais, contrariando todos os demais depoimentos já prestados nessa investigação – com o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si -, e informa que constituiu advogados para atuar no processo judicial e garantir que a verdade prevaleça. E a verdade é uma só: Pedro Taques tem uma vida de luta contra a corrupção e os corruptos, já tento enfrentado e desmantelado inúmeras quadrilhas que agiam no Estado e no país, e jamais compactuaria com qualquer ato ilegal, especialmente relacionado a desvios de recursos públicos.

04) O governador Pedro Taques já prestou, no dia 04 de maio de 2017, informações à Procuradoria Geral da República sobre a mesma Operação, apontando os equívocos do depoimento do empresário Alan Malouf, já narrados acima, e restabelecendo a verdade dos fatos.

05) Por fim, o Governo do Estado esclarece que, embora o investigado tenha mantido relacionamento social com Pedro Taques, suas empresas jamais venceram qualquer licitação ou contrato na administração estadual a partir de 01 de janeiro de 2015, uma vez que o governador, por estrita obediência às leis, nunca interferiu e jamais interferirá em qualquer processo de aquisição ou licitação no âmbito do Governo do Estado ou em qualquer outro Governo.

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