Colunas & Blogs

Fim das eras

3 minutos de leitura
Fim das eras
(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Em 2002 apareceu de repente a candidatura do quase desconhecido produtor rural Blairo Maggi no cenário das eleições ao governo do estado. Com 3% de intenções de votos concorreu contra o ex-senador Antero Paes de Barros, apoiado pelo governador Dante de Oliveira, candidato ao Senado. Dante saíra da gestão em abril de 2002 com quase 80% de aprovação. Em novembro Dante e Antero foram derrotados.

No discurso da campanha de Blairo Maggi surgiu uma metáfora: a “a turma da botina” que rivalizava contra a “turma do tênis”. Numa linguagem mais de rua, dizia-se na intimidade que Mato Grosso deixava de ter uma política urbana tradicional para ter uma política rural, com as botinas vermelhas vindas da agricultura nos cerrados mato-grossenses.

Para a política tradicional urbana foi um choque realmente. Num lance saíram  da cena política nomes poderosos como Dante de Oliveira, Antero Paes de Barros e o PSDB saiu de cinco pra um deputado estadual. De fato, a botina dominou a política.

Blairo não escondeu sua condição de produtor rural no governo. Reelegeu-se em 2006, ainda como  o homem da “turma da botina””. Indicou o seu vice, Silval Barbosa ao governo e ajudou a elegê-lo, assim como a ele próprio ao Senado.

A “turma da botina” ampliou o seu espaço na Assembléia Legislativa, na Câmara Federal e no Senado. Sem contar prefeituras de cidades importantes na eleição municipal de 2008.

Ao longo da gestão Blairo a “turma do tênis” não se reergueu. Mas a da botina se urbanizou gradualmente, quase sem perceber. O poder político do governo estadual é muito urbano. A base do pessoal do tênis era Cuiabá. E da botina teve que se adaptar no asfalto político, mesmo a contragosto.

O fato é que em 2014 teve que dividir espaços com Pedro Taques, representante da nova geração do tênis. Sem ter construído um projeto político pós-Silval, a botina teve que apoiar Taques ao governo.

Em 2018, depois de três anos de amores e desamores com Pedro Taques, a “turma da botina” descobriu-se órfã. Pior. Aquela geração de 2002 acabou pra ambos os lados. Já não se tem nenhuma das duas puras de origem.

Em 2018 entra na cena um terceiro elemento: a turma do tênis de grife, filhos dos dois anteriores. Uma espécie de síntese urbana e rural ao mesmo tempo. Estudados em boas escolas. De olho no mercado mundial. Preocupada com a sustentabilidade ambiental, com a qualidade de vida e com inclusões sociais diversas. Pouco amor à política partidária.

Na prática isso representa a real fusão entre aqueles migrantes dos anos 1970 vindos especialmente do Sul do país pra povoar a Amazônia. E também o daqueles mato-grossenses tradicionais. Em 45 anos deu tempo pra se formar gerações novas misturadas de sangues diversos.

As eleições de 2018 experimentarão um eleitor menos tradicionalista sobre a sua origem e mais globalizado nos interesses maiores de Mato Grosso. Novos tempos.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes