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Fim da vacinação demanda investimento de R$ 40 milhões em MT

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Fim da vacinação demanda investimento de R$ 40 milhões em MT

Ednilson Aguiar/O Livre

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou no último dia 6, um plano estratégico para a retirada da vacina contra a febre aftosa em todo o território nacional. Em Mato Grosso, para que a ação saia do papel, serão necessários investimentos na ordem de R$ 40 milhões nos próximos cinco anos. 

A estimativa é do presidente do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT), Guilherme Nolasco. Ao LIVRE, ele explicou que os investimentos serão feitos de forma gradativa e representam um acréscimo de aproximadamente 25% em relação ao orçamento atual, cerca de R$ 140 milhões ao ano.

O controle na região de fronteira é o maior desafio. “Não poderá haver trânsito de uma área de gado vacinado para uma área sem vacinação”, explica. Hoje, Mato Grosso possui sete barreiras do Indea que funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, para cuidar de mais de 400 quilômetros de fronteira entre o estado e a Bolívia.  “É possível que se aumente o número de barreiras e que as ações volantes sejam intensificadas”, disse. 

Entretanto, Nolasco acredita que seja necessário ir mais a fundo utilizando, por exemplo, ações de inteligência e não descarta a necessidade de aumentar o efetivo. “São 900 propriedades nas proximidades. Uma opção seria fazer o acompanhamento do carregamento de animais”, explica.

“Se a doença acontecer, tem que ser detectada a tempo e as equipes devem estar instruídas sobre para quais autoridades ligar e quais medidas tomar”

O Indea conta com 240 veterinários distribuídos em 141 unidades. Segundo ele, até julho, os novos pontos de estrangulamento serão definidos. Enquanto isso, o órgão segue estudando as adequações que deverão ser sugeridas ao Mapa nos próximos meses. “É um esforço em conjunto: Indea, Mapa e setor produtivo”.

O caso de Santa Catarina
Seguindo o plano estratégico do Mapa, a intenção é remover a vacina do Estado até 2021 e obter o reconhecimento como país livre da doença sem vacinação em 2022. Mato Grosso está inserido num dos últimos grupos a retirar a vacinação. A meta, segundo especialistas, é ousada e necessita de um esforço em conjunto entre os governos e órgãos de fiscalização de defesa animal.

Em todo o país, o único Estado que é reconhecido como livre da doença sem vacinação é Santa Catarina. Lá, o processo foi iniciado em 2000, mas levou ao menos sete anos para que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) reconhecesse a região como livre da aftosa sem vacinação. À época, não existia a obrigatoriedade de comunicar a OIE – em no máximo dois anos – o fim da vacinação para ser reconhecido.

“Hoje temos uma estrutura boa e um sistema de vigilância bem implantado em toda a região”, destaca médico veterinário e responsável Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC), Flávio Pereira Veloso.

Em entrevista ao LIVRE, ele afirma que o Plano de Contingência Nacional que o Mapa segue é rigoroso e que cada município deve estar preparado para saber exatamente o que fazer se um novo caso for registrado. “Se a doença acontecer, tem que ser detectada a tempo e as equipes devem estar instruídas sobre o que fazer e para quais autoridades ligar, seguindo as diretrizes nacionais”.

Para Guilherme Nolasco, a situação de Mato Grosso é bem diferente, uma vez que faz parte de um plano nacional. “Não será um ato isolado. O plano é moderno e atende aos anseios da defesa sanitária do país”, destaca.

Risco na fronteira 
Apesar de não oferecer riscos ao homem, a febre aftosa é altamente contagiosa entre os rebanhos. Se não houver um serviço de inspeção bem estruturado, os prejuízos podem ser gigantescos, alerta o veterinário. “É como se fosse um barril de pólvora prestes a explodir”.

Entre 1999 e 2000, o Uruguai enfrentou uma grave crise com a doença. Foram cerca de 20 focos detectados, milhares de animais mortos. O Rio Grande do Sul e o governo federal instalaram 22 barreiras para conter o fluxo de animais e preservar os rebanhos do sul do país. 

 

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