Mato Grosso

Fim da piracema: com queimadas e pandemia como fica o turismo pesqueiro em MT?

Momento deveria de esperança para donos de pousadas e trabalhadores do setor, mas a realidade é outra

2 minutos de leitura
Fim da piracema: com queimadas e pandemia como fica o turismo pesqueiro em MT?
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Sem as festanças de Carnaval em fevereiro e ainda sofrendo o impacto da pandemia e das queimadas de 2020, o fim da piracema não deve representar um alívio para quem vive do turismo pesqueiro em Mato Grosso.

É que, no ano passado, praticamente 100% das reservas foram canceladas ou remarcadas para 2021. “Grande parte das reservas já estavam pagas. O que pudemos fazer foi remarcar e começar o ano de 2021 já no vermelho”, diz Wilson Matos, dono de pousada.

O período de defeso, como é chamada a piracema, proibiu a pesca em Mato Grosso entre outubro de 2020 e janeiro de 2021. Uma medida prevista em lei para preservar a reprodução dos peixes. A proibição só continua valendo para bacias hidrográficas federais.

No Pantanal, seria época do turismo faturar. Mas, neste ano,  os donos de pousadas e hotéis esperam apenas cobrir gastos e manter o funcionamento dos negócios.

Turistas voltando

O movimento de turistas ainda não é o ideal, chega perto do período pré-pandemia. “Nossa agenda está perto do que era antes, mas ainda há um pequeno déficit. As pessoas têm procurado atividades na natureza para sair da rotina da cidade. Acredito que logo teremos algo perto da normalidade”, palpita Wilson.

A guia de turismo Simone Costa concorda. Ela atende estrangeiros que se aventuram no Pantanal para se conectar com a natureza. Conta que agora, por causa da pandemia, os turistas são nacionais.

“É muito bom ver o público local se interessando pelas nossas belezas naturais e buscando esse tipo de turismo”, comemora.

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Impacto das queimadas

De acordo com o professor da Unemat e doutor em Ecologia, Claumir Cesar Muniz, o período de defeso é suficiente para garantir a sustentabilidade dos recursos pesqueiros em Mato Grosso. Há 15 anos, o pesquisador acompanha a desova de espécies como pintados, cacharas, jaús, pacus e o dourado.

Nesse ciclo reprodutivo, além de acompanhar a desova dessas espécies, o professores colhe dados adicionais, para monitorar a qualidade da água e a oferta de alimentos para essas espécies migradoras, em razão das queimadas.

A oferta de alimentos é uma das principais preocupações. O professor explica que a migração reprodutiva é precedida por uma migração alimentar. Nesse sentido, a oferta de alimentos pode influenciar diretamente a condição corporal dos animais, que chegam a migrar até mil quilômetros para se reproduzir.

“Temos que considerar que 30% do ambiente do Pantanal foi queimado, ou seja, a oferta de alimentos para essas espécies, que migram por esse ambiente que sofreu com os incêndios florestais, não vai ser a mesma”.

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