Com estreia anunciada para a última quinta-feira (31), o drama da Universal Pictures Boy Erased: Uma Verdade Anulada (2018), uma crítica declarada a teoria da “cura gay”, não chegou aos cinemas brasileiros. A empresa deve divulgar o filme no país apenas para home video.
A Universal alega que a decisão de cancelar o lançamento no Brasil foi tomada “única e exclusivamente por uma questão comercial baseada no custo de campanha de lançamento versus estimativa de bilheteria”.
Mas os internautas mais críticos e o próprio ativista cujo livro Boy Erased inspirou o enredo, falam em “censura”. “Boy Erased censurado no Brasil. Sentia que isso poderia acontecer e é muito triste que esse tipo de coisa esteja acontecendo num país tão maravilhoso”, escreveu Garrard Conley em seu perfil no Twitter.
Em seguida, o autor apagou o twitte e se justificou em outro comentário mais conciliatório: “Aparentemente, havia uma grande confusão – justificadamente, ouvimos de fontes brasileiras – que Boy Erased havia sido censurado. @TheBornPerfect está investigando e eu vou compartilhar o que eles encontrarem. Não vamos deixar isso nos distrair dos desafios que as pessoas LGBT enfrentam”.
Apparently there was a large amount of confusion—justifiably, we were hearing from Brazilian sources—that Boy Erased had been censored. @TheBornPerfect is looking into it, and I will share what they find. Let’s not let this distract from the situation LGBTQ people face —
— Garrard Conley (@gayrodcon) February 3, 2019
O ativista ainda criticou as acusações de que estaria espalhando fake news: “Fomos treinados para ter medo de um conteúdo tão importante ser negado. Conteúdo que salva vidas, como aconteceu conosco antes. (Nota: eu acho perigoso usar o termo ‘notícias falsas’ toda vez que você acredita que alguém está incorreto)”.
Repercussão
O ator americano Kevin McHale, conhecido pela série Glee, também comentou o caso, citando diretamente o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. “É assim que começa, Boy Erased acabou de ser banido no Brasil. Bolsonaro é perigoso e é uma ameaça à comunidade LGBTQ+ no Brasil. Censurar um filme sobre os riscos da terapia de conversão é apenas o início”, escreveu no Twitter.
Na mesma rede social, Bolsonaro se defendeu: “tenho mais o que fazer”.
https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1092201100978147329?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1092201100978147329&ref_url=https%3A%2F%2Fnoticias.uol.com.br%2Fpolitica%2Fultimas-noticias%2F2019%2F02%2F03%2Fno-twitter-bolsonaro-nega-censura-a-filme-norte-americano-sobre-cura-gay.htm
O filme
Baseado no livro de memórias do ativista americano Garrard Conley, Boy Erased: Uma Verdade Anulada (2018) conta a história do jovem gay Jared Eamons (Lucas Hedges), filho de Marshall Eamons (Russell Crowe), pastor de uma cidade conservadora do Arkansas, e da religiosa Nancy Eamons (Nicole Kidman).
“Quando confrontado pela família sobre sua sexualidade, [Jared] se vê pressionado a escolher entre perder seus familiares e amigos ou se submeter a um programa de terapia que busca a ‘cura’ da homossexualidade”, diz a sinopse.
O filme dirigido por Joel Edgerton chegou a ser indicado para o Globo de Ouro nas categorias melhor ator de drama, pela atuação de Lucas Hedges, e melhor música para filmes.