O Prêmio Açorianos, iniciativa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (RS), é um dos mais importantes do Brasil e festejou sua 24ª edição na noite de sexta-feira passada, no Teatro Renascença, na Avenida Erico Verissimo. Quantas premiações podem orgulhar-se de tradição semelhante por um quarto de século?

Os escritores Lya Luft, Sérgio Faraco, Aldir Garcia Schelee e o signatário subiram ao palco para uma homenagem rara no Brasil: receber prêmios pelo conjunto da obra. Se o quarteto não aprendeu ainda a escrever, não aprenderá mais. Se já sabe, são os leitores e os especialistas que devem dizer. Isto é, quem está autorizado a emitir juízos de valor são os leitores, especializados ou não, uma vez que o gosto é importante categoria estética, como, aliás, acontece também na gastronomia.

A função dos prêmios literários é reconhecer méritos e realizações, chamar a atenção do distinto público para os autores, sejam consagrados, em formação ou estreantes, mesmo porque todos já foram apenas estreantes um dia e às vezes dependeram deste tipo de reconhecimento, ainda mais quando quem outorga o prêmio é o poder público, como foi o caso.

Subiram também ao palco leitores muito especiais que deram amostras homeopáticas de textos destes autores e dos outros premiados por livros individuais, como foi o caso da atriz Deborah Finocchiaro, que já arrebatou mais de trinta prêmios em sua área de atuação e leu textos do romance Teresa D´Ávila Namorada de Jesus, já adaptado para o teatro na década de 90.

Todos os autores têm ligações estreitas com o Brasil meridional e todos já mostraram com seus livros o que têm a dizer sobre temas, personagens e problemas das narrativas ambientadas preferencialmente num território em que as fronteiras são por vezes móveis. O habitante de Lages (SC) é provavelmente mais gaúcho do que o gaúcho de Torres ou de Tramandaí, cidades quase catarinenses. No interior do Paraná, talvez haja mais torcedores do Grêmio e do Internacional do que de times paranaenses.

Outros autores relevantes estavam lá com obras vindas a público em 2017, como o editor e autor Luiz Coronel com Venturinha, o amigo do vento. Ele tem sido também editor de projetos singulares, de que dará mostra na próxima semana, no Rio de Janeiro, com uma edição sobre o poeta gaúcho Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras.

Já Leandro Ayres França, Alfredo Steffen Neto e Alysson Ramos Artuso chamaram a atenção do júri e dos leitores por As marcas do cárcere, sobre o mais que desumano sistema prisional do País. O escritor Lourenço Cazarré subiu ao palco por Tons de Rosa: Pelotas no tempo da ditadura, autoria que o organizador dividiu com outros autores.

O grande cartunista Santiago – será que os leitores sabem que seu nome é Neltair Abreu? – brilhou no trio de finalistas entre Ricardo Chaves e Ricardo Bueno. Levou o troféu o primeiro Ricardo, mais conhecido por Kadão Chaves, com A força do tempo: histórias de um repórter fotográfico brasileiro.

O dramaturgo Luciano Alabarse, atual Secretário Municipal da Cultura no governo do prefeito Nelson Marchezan Júnior declarou publicamente que pouco fizera por aquela iniciativa, que todos os méritos eram devidos ao professor Sergius Gonzaga, da UFRGS, chefe da Coordenação do Livro e da Literatura, uma das referências solares de sua gestão.

A obra vencedora entre todas as oito categorias foi João e Maria – Dúplice coroa de sonetos fúnebres, de Leonardo Antunes, Editora Patuá, que também foi o vencedor da categoria Poema.

Detalhes desta importante premiação estão neste link aqui. O prefeito Nelson Marchezan Júnior e o vice-prefeito Gustavo Bohrer não compareceram.

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