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Fernanda Rodrigues: “Falta gente qualificada, não emprego”

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Fernanda Rodrigues: “Falta gente qualificada, não emprego”

O Brasil tem mais de 13 milhões de desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas Mato Grosso ainda pode se considerar uma espécie de privilegiado, quando o assunto é mercado de trabalho.

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o Estado teve um saldo positivo entre admissões e demissões em maio. Mais de 161 mil pessoas foram demitidas, no entanto, mais 174 acabaram contratadas, uma diferença de pouco mais de 13 mil.

Em Cuiabá, mais de 33 mil pessoas perderam o emprego no mesmo período, ao passo que outras 34 mil conquistaram um. E todos os dias, o Sine Municipal, que funciona dentro do Shopping Popular, oferta dezenas de vagas. Somente na sexta-feira (12), 75 oportunidades de trabalho estavam disponíveis.

Na linha de frente no atendimento a quem chega por lá, Fernanda Rodrigues tenta unir empresas e trabalhadores. A experiência faz ela ser taxativa: vagas existem, falta é mão de obra qualificada.

Formada em Direito, Fernanda também já passou por dificuldades para ser inserida no mercado de trabalho. Hoje pode dizer que coleciona histórias divertidas e comoventes que somente quem lida com pessoas diariamente pode contar. E ela contou para o LIVRE. Confira:

1 – Você já viu uma vaga de trabalho tão boa sendo ofertada pelo Sine que decidiu se candidatar a ela?

(Risos) Confesso que sim. Eu sou do ramo do Direito, daí logo que entrei no Sine Municipal, tinha uma vaga para advogado civilista. Em nosso mercado, para atuar em outro escritório é muito mal remunerado. Você vai ganhar de R$ 1 mil a R$ 1,2 mil para atuar mensalmente com outro advogado, mesmo tendo OAB. Essa vaga estava oferecendo um salário de R$ 2 mil, pensei “será?”. (Risos)

2 – Qual foi a vaga de trabalho mais bizarra que você já viu o Sine ofertar?

Não era bizarra, mas era um pouco estranha. Eu não lembro o nome da vaga, mas o funcionário teria que vestir e limpar o morto, dirigir e levar o caixão, esse trabalho de funerária. A gente riu porque é normal e estranho ao mesmo tempo, comparado com as vagas que a gente vê no dia a dia. Mas a vaga não foi preenchida, porque o candidato não quis. (Risos)

3 – Na sua opinião, falta emprego em Cuiabá?

De fora, antes de trabalhar aqui eu pensava: “nossa, tá faltando emprego”. Mas aqui dentro afirmo com toda a certeza desse mundo que não está faltando emprego, está faltando mão de obra qualificada. Até os serviços braçais, como pedreiro, a gente não consegue preencher fácil. As empresas chegam a pedir 10, 20 vagas e a gente não consegue preencher esse número, porque o candidato não preenche os requisitos mínimos que o empregador quer.

4 – Já houve alguma situação com alguém desempregado que a comoveu?

Sim! Estava em um final de semana na casa da minha avó e passou um haitiano vendendo picolé. A gente tem costume de reunir todos os primos na casa da minha vó e sempre chama o “picolezeiro” para entrar com o carrinho lá, oferece comida, água, refrigerante, sobremesa, o que tiver para ele comer.

Compramos o picolé e eu perguntei se ele tinha toda a documentação aqui do país, carteira de trabalho e ele disse que tinha. Na época, a gente estava abrindo vaga para pedreiro no Sine. Eu falei para ele passar aqui, que eu ia ajudar ele. Anotei o número dele, depois mandei mensagem e ele disse que deu certo, que ele estava trabalhando em uma empresa lá em Várzea Grande. Nossa, para mim eu ganhei o dia!

5 – Qual a situação mais inusitada que você já viveu enquanto trabalhava no Sine?

Acho que a mais inusitada é a do computador! Uma mulher veio em busca de uma vaga, pegou a senha e sentou. Tinha recém entrado uma atendente nova, estava em treinamento ainda, a senha dessa mulher caiu na mesa dela. Durante o atendimento, essa atendente constatou que não tinha nenhuma vaga no perfil da mulher. Ela informou e a mulher insistiu dizendo que queria uma vaga. A atendente tentou atualizar o sistema três vezes e nada. Ela me chamou, eu tentei novamente buscar e nada de vaga. A mulher, então, levantou normalmente, pegou os documentos, saiu devagar. Virou, amassou o papel e jogou em mim. Pegou o banner e jogou no chão e foi reto no computador para derrubar ele da mesa. Só deu tempo de eu agarrar o computador, que inclusive era novinho, tinha acabado de chegar. Aí já veio o segurança. Ela saiu correndo e pegaram ela no estacionamento.

SAIDEIRA… Qual é o emprego dos sonhos de qualquer trabalhador?

Acho que é aquele que ganha bem e trabalha pouco! (Risos)

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