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Fazendeiro é preso por manter funcionários em situação análoga à de escravo

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Fazendeiro é preso por manter funcionários em situação análoga à de escravo

Após uma denúncia anônima, o dono de uma fazenda, localizada em São Feliz do Araguaia, foi preso em flagrante por manter funcionários em trabalho análogo ao de escravo.

Dívidas com o patrão que nunca reduziam, comidas e bebidas insuficientes, assédios e ameaças, habitações sujas e condições sub-humanas estão entre as práticas que caracterizam o trabalho escravo.

A Polícia Judiciária Civil encontrou os funcionários nessa realidade durante investigação de posse de armas de fogo. Cinco trabalhadores mostraram para os policiais o que possuíam para comer, apenas um quilo de arroz.

A ação mobilizou policiais civis dos municípios de Confresa e São Félix do Araguaia. O suspeito é Fernando Jorge Bittencort da Silva, de 61 anos. Ele também foi preso por posse irregular de arma de fogo.

O dono da fazenda também é investigado por outros crimes, dentre eles o homicídio de um fazendeiro, ocorrido em 2016, e por integrar uma rede de tráfico internacional de drogas.

Em março de 2017, durante deflagração da operação Zona Rural Segura, foram apreendidas diversas armas de fogo na mesma propriedade, incluindo pistolas automáticas de uso restrito das forças policiais, com carregadores alongados. Na ocasião também foi cumprido contra ele um mandado de prisão temporária.

O suspeito possui ainda condenação de nove anos de reclusão na Comarca de Caxias do Sul (RS) por tráfico internacional de drogas e de armas.

Dívida crescente

Os trabalhadores da fazenda relataram aos policiais que não tinham a carteira de trabalho assinada e os salários estavam atrasados. Eles ainda eram obrigados a assinar recibos de salário no valor de R$ 6 mil, mas recebiam próximo de R$ 1 mil.

Fernando informava aos funcionários que o restante do valor era retido por ele para pagar as dívidas que os trabalhadores contraíam ao usar a estrutura da propriedade e a alimentação que consumiam, porém nunca mostrou aos contratados notas fiscais ou detalhou as supostas dívidas.

Um dos exemplos de preços abusivos que teriam sido repassados por Fernando era o da gasolina, que cobrava R$ 10, o litro.

No começo da noite, os funcionários contaram que usavam a bateria de uma motocicleta para conseguir iluminar o alojamento, distante cerca de 04km da sede da fazenda. Eles também dormiam em camas improvisadas (colchões sobre tijolos) ou redes, e não tinham acesso a banheiro. Também eram impedidos de sair do “emprego” antes de quitar todo o débito com Fernando.

Investigação

De acordo com a delegada à frente do trabalho, Lizzia Kelly Ferraro Noya, o ponto de partida para a ação na fazenda, e a representação pelo mandado de busca e apreensão, foi a suspeita de que Fernando continuasse a possuir armas de fogo no local, mesmo após ações que aprenderam armamento no local.

O cumprimento do mandado foi realizado por equipe coordenada pelo delegado André Rigonato, da Delegacia de Polícia de Confresa, que também acompanha as investigações.

Os trabalhos seguem na Delegacia de Polícia de São Félix do Araguaia, especialmente no intuito de identificar outros trabalhadores que teriam sido submetidos à condição análoga de escravidão.

 

 

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