Um estudo sobre a exploração ambiental ilegal em Mato Grosso aponta que continua a existir uma relação próxima entre crimes e a exportação de commodities. A maior parte da soja produzida nas fazendas que praticam desmatamento ilegal é enviada para outros países.
A averiguação está em estudo lançado pelas ONGs Instituto Centro Vida (ICV), Global Canopy e pelo Stockholm Environment Institute (SEI) e o Imaflora.
O estudo identificou que 1,4 milhão de hectares foram desmatados em imóveis rurais em Mato Grosso entre 2012 e 2017. Desse total, 27% – cerca de 380 mil hectares – estavam dentro de fazendas com cultivo de soja no último ano da pesquisa.
Cerca de 95% desse desmatamento foi ilegal, ou seja, ocorreu sem autorização prévia dos órgãos ambientais, como exige a legislação ambiental.
Os dados apontam ainda que o desmatamento ilegal foi verificado em 2.252 fazendas de soja, o equivalente a 10% de todas as fazendas produtoras do grão em Mato Grosso.
Do total, 80% do desmatamento ocorreu em apenas 400 fazendas, que representam 2% das fazendas de soja do Estado.
Essas centenas de fazendas são classificadas, conforme o estudo, como grandes (73%) ou médias (14%), seguindo a definição estabelecida pelo governo federal na lei 8.629/1993.
Exportação
O estudo aponta que mais de 75% da soja produzida em Mato Grosso é destinada a mercados internacionais. Essa movimentação gera um comércio de cerca de US$ 9 bilhões por ano.
Estima-se que 81% da soja cultivada em fazendas onde ocorreu desmatamento ilegal foi exportada em 2018. A China foi o principal destino. Recebeu 46% da exportação. É o principal país cliente dos produtores brasileiros.
Outros 14% foram destinados para a União Europeia (UE), o segundo mercado na lista.
“O estudo mostra que o desmatamento ilegal, infelizmente, ainda é uma realidade até mesmo no caso de commodities associadas à face mais moderna do agronegócio brasileiro, como a soja. Superar esse problema é possível e urgente para o meio ambiente, para os negócios e para a imagem do Brasil”, afirma Luis Fernando Guedes Pinto, gerente de políticas públicas do Imaflora.
O que diz a Aprosoja?
O LIVRE procurou a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) para comentar o assunto, mas não a entidade informou que não vai se manifestar.