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“Fantástica fábrica” de Basaia ressignifica objetos que, outrora úteis, tornam-se inusitados

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“Fantástica fábrica” de Basaia ressignifica objetos que, outrora úteis, tornam-se inusitados
Foto de Rai Reis

Na gama de objetos que no cotidiano de outrora já foram úteis, é feita uma visionária seleção e depois disso, os escolhidos são “conduzidos” a um quartinho na “fantástica fábrica de Vitória Basaia”. “O laboratório fica bem cheio, parecendo casa de acumulador”, diverte-se a artista. “Algumas peças estão guardadas há uns dez anos, mas há sempre o dia em que eu as descubro novamente e então, faz sentido elas terem sido guardadas”, ri ainda mais.

É assim, sob a mira apurada de quem garimpa, que ela resgata peças, ressignifica objetos e, da sua mente inventiva, recria. O resultado é o inusitado e os espectadores, se surpreendem com sua imaginação. Depois de um ano intenso de produção, Vitória traz boas novas para os apreciadores da arte contemporânea mato-grossense: ela recebe o público na noite desta quinta-feira (13), para mostrar o resultado do período efervescente de criação. A abertura da nova exposição, “Variações Inusitadas”, ocorre a partir das 19h30 e fica em cartaz até o dia 13 de outubro.

Os cuiabanos ficaram um tempo sem visitar uma mostra da artista, mas nos últimos meses, tiveram boas novas, pois além da individual na Arto Galeria, a artista é anfitriã mato-grossense da edição cuiabana de O Grande Veleiro, do artista sergipano Arthur Bispo do Rosário. Já fora do Brasil, a artista segue com o mesmo prestígio de sempre.

A crítica de arte e animadora cultural, Aline Figueiredo, se rende em elogios ao analisar a obra da artista que abre a mostra “Variações Inusitadas”. “Vitória é naturalmente contemporânea, a ponto de nem saber, mesmo porque não lhe importa saber, mas de viver o modo de ser e de fazer arte. Vitória nossa termos uma artista com tamanha singularidade e abrangência de olhar e de resignificar”, diz Aline.

Obras inéditas

Em mais uma empreitada artística, Vitória faz questão de citar os fieis parceiros. “Novamente, pude contar com o apoio de Ageu e Serafim na montagem. Não ouso fazer sem tê-los ao meu lado”. José Serafim Bertoloto, a propósito, assina não só a expografia, como também, é curador da mostra que traz obras inéditas.

“Serafim norteou todo o conceito a partir da diversidade de materiais e técnicas que utilizo nas obras expostas. Pelo menos umas 200 foram produzidas e é dele a árdua tarefa de concentrá-las dentro da galeria”, sorri a artista. Segundo ela, na tarefa de recriar, até a bota velha do esposo, Júlio César Carvalho, o Jota, virou obra de arte.

Foto de Wersley Gravaluz

“Tem sapato que vira jacaré, tem sapato que vira avião. Tem itens inutilizados que viraram peças de um jogo analógico que lembra mais é um jogo virtual. Tem uma grande instalação que o Serafim está montando que tem mais de 50 peças e vai ficar bem no alto. Vai ser uma grata surpresa, eu garanto”.

Ao falar sobre o trabalho da parceira de mais de 30 a nos, Serafim realça os múltiplos dons da artista, suas habilidades artísticas e a memória afetiva que se mistura à sua arte. “O uso de botinas e tamancos velhos, entre outros objetos, são ressignificações do passado no presente, são memórias, que refletem uma identidade, num diálogo consistente com o mundo material”, diz ele.

Serafim aponta também o caráter singular das criações da artista. Ele conta que carretéis de suporte para fios elétricos vão aos poucos se desfigurando em elementos plásticos e configurando-se numa coisa inusitada. Reconfigurações em fios, bonecas, pedaços de metais, essa massa disforme vai se agregando em novos elementos, em novos objetos”.

Dentre as peças expostas, vale atenção especial a duas instalações. De acordo com Serafim, que também crítico de arte, o “barato” é a recepção do deleite da continuidade. “‘Olhos de vidro’, uma instalação/caixas, material de plástico, reciclagem das esferas de desodorantes, a cada circulação dos olhos cria uma nova reconfiguração, ou seja, como elementos fragmentando e/ou coesão, uma ideia do Quadrado de Rubick aleatoriamente surgem novas possibilidades. Inusitado também, nesse sentido, é a ‘Linha para Sofia’, uma instalação de quebra cabeças, criada com recortes com imagens alternadas, onde cada figura constrói um conjunto da obra, ou seja, existem centenas de alternativas criando outras obras. São suportes em papel canson perfilados, com imagens femininas volumosas a pastel/pigmentos terrosos, uma transformação de um aplicativo para tablet oportunizam mais possibilidades.”, aponta no texto de apresentação da exposição.

A Arto fica na avenida Dom Bosco, 1776, bairro Popular. Horário de visitação: segunda-feira, das 14 às 19h; terça a sexta-feira, das 9 às 12h e das 15h às 19h e ainda, aos sábados, das 9 às 12h. Há atendimento especializado com agendamento. Mais informações: (65) 99202-1164.

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