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Matriarca de família com covid sai aplaudida de hospital após 34 dias

Shirley e o genro venceram a batalha contra a doença. Agora, aposentada aguarda a vitória da filha que segue internada

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Matriarca de família com covid sai aplaudida de hospital após 34 dias
Foto: Reprodução

Este sábado, 6 de junho, tem gosto de vitória para a família da aposentada Shirley Hugueney de Siqueira, 59 anos. Depois de 34 dias de internação, sendo 21 sedada e entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Complexo Hospitalar de Cuiabá, em Cuiabá, ela recebeu alta às 9 horas e saiu sob aplausos, comemorando a vitória sob a covid-19.

A família vem travando uma verdadeira guerra contra o coronavírus desde o começo de maio, visto que foram três internados: Shirley, o genro Josymar de Oliveira Santos, 45 anos, que ficou internado na Santa Casa e também já recebeu alta, e a filha Graciela Hugueney de Siqueira, 45 anos, que ainda está na UTI do Complexo Hospitalar de Cuiabá.

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Shirley – a força de uma mãe

Com diabetes, pressão alta e cardiopata, Shirley precisava ficar bem longe do coronavírus, mas uma dor no peito no começo de maio foi o primeiro sinal de que algo estava errado. Em seguida, veio a dor nas costas e, por último, a tosse.

Ela passou por uma consulta, foi para casa e no dia 3 de maio fez uma tomografia que apontou que 30% de seu pulmão estava comprometido. Foi internada imediatamente. O exame trouxe a confirmação: a matriarca da família Hugueney de Siqueira estava com covid-19.

Nos primeiros três dias, ela somente piorou. O pulmão direito ficou totalmente comprometido e o esquerdo ficou 50%. Com isso, dona Shirley precisou ser sedada e entubada.

Foram 21 dias de entubação, mas ela respondeu bem a todo tratamento e aos medicamentos.

“Agora ela está curada. Eles fizeram o teste que vê a quantidade de vírus no corpo e  em mamãe deu menos de 10%, o que é considerado mínimo”, disse Ariadne Alexopulos, filha de Shirley.

Antes da mãe se recuperar completamente e receber alta, porém, outras duas pessoas da família também foram contaminadas.

Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução

Graziela – a luta continua

Graciela Hugueney de Siqueira, 45 anos, mora na mesma casa que a mãe, trabalha de auxiliar financeira, tem pressão alta e faz tratamento para os rins.

Uma semana após a internação da mãe, foi internada também, exatamente da mesma forma, fez a tomografia, que apontou que 25% de seu pulmão estava comprometido. Era domingo de dia das mães, 10 de maio.

Diferente da mãe, porém, Graciela não responde bem ao tratamento e é a única da família que segue internada na UTI do Complexo Hospitalar de Cuiabá, sedada e entubada há 25 dias.

Os médicos têm tentado acordá-la, mas Graciela fica muito agitada e precisou ser reentubada. Por duas vezes, retirou os tubos que têm a mantido viva e a equipe precisou recolocá-los.

Com 20 dias, foi realizado o exame que verifica a quantidade de vírus no corpo do paciente, Graciela ainda tinha 50% e, por isso, segue na UTI de pacientes de coronavírus. Mas, há dois dias, começou a apresentar melhoras.

“Eles estão retirando o ventilador aos poucos. Ela não tem um despertar bom. Mas eles estão fazendo o que podem, mudando as medicações, para tentar controlar. Porque quando a pessoa está sedada a gente não sabe como vai ser quando ela estiver sozinha, pois ela respira por aparelhos e come por sonda. Quando acordou há dois dias, ela estava respirando bem, ficou 20% do ventilador e 80% era dela”, contou Ariadne, que é quem está cuidando de toda a família.

Com a melhora, o teste foi refeito em Graciela e a família está com esperança de que o índice do vírus no corpo de Graziela tenha diminuído, para que ela possa ser transferida para uma UTI normal e, depois, para um quarto e, enfim, ter alta médica.

“Se ela tiver com índice baixo de vírus, ela não tem mais perigo de contaminar alguém. Aí fazem igual foi com a minha mãe, ela sai da UTI do covid e vai para UTI normal. Minha mãe ficou três dias na UTI normal e depois foi para o quarto, onde ficou quatro dias”, disse Ariadne.

Josymar – enfrentando no SUS

Os domingos deixaram de ser dias normais para a família quando veio a confirmação da doença em Josymar de Oliveira Santos, 45 anos, genro de Shirley e marido de Ariadne. O terceiro infectado.

Zelador, ele também tem pressão alta. Com uma febre que não passava, acabou precisando ser internado no dia 19 de maio. Diferente da sogra e da cunhada, porém, ficou na Santa Casa de Cuiabá e recebeu o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Lá, ficou uma semana no oxigênio e dentro desses dias passou por duas situações de negligência: a falta de notícias – a equipe prometia enviar notícias por e-mail e não comunicava a família – e a falta de água para beber.

O segundo foi o maior dos problemas, não permitiam que a família desse água mineral para ser entregue a Josymar, assim como aos demais internados. O problema só foi resolvido depois que a esposa, Ariadne, deu entrevista a um programa de TV.

Mas após enfrentar esse problema, a covid-19 foi uma batalha mais branda para Josymar.

“Ele não piorou, ficou no oxigênio e uma semana foi suficiente, porque o pulmão dele não foi tão comprometido quanto o da minha mãe”, contou Ariadne.

Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução

Contaminação e fé

Ariadne foi quem cuidou de todos os contaminados da família e, ainda, daqueles que moram na casa e ficaram com suspeitas ou assintomáticos. Mas, incrivelmente, ela chegou a fazer o teste e não foi contaminada.

“Levei todo mundo pro hospital e não peguei. É Deus. Levei minha mãe, levei minha irmã, levei meu marido, levei meu irmão, fiquei cuidando o tempo todo deles e dos meus sobrinhos e não peguei. Eu fiz o teste, o meu deu negativo”, disse Ariadne, sempre positiva.

Ela acredita, também, que o histórico dos três familiares que foram contaminados contribuiu.

“Minha mãe tem diabetes, pressão alta, é cardiopata. Minha irmã tem pressão alta também e faz tratamento para os rins. E meu marido tem pressão alta. Eu não tenho nada, não faço tratamento de nada. Então eu percebo que todos os casos que eu tenho visto, que quem tem algo já de saúde tem mais probabilidade do vírus se potencializar no organismo”, afirmou.

A família não tem ideia de como o vírus chegou à casa, em que moram Shirley, Graciela, o marido, os dois filhos e o outro filho de Shirley, Aristóteles. Mas os sobrinhos e Aristóteles tiveram perda de paladar e ofato por cerca de 10 dias.

Eles foram ao médico, fizeram exames, mas não realizaram o teste para covid-19 e após 10 dias o ofato e o paladar voltaram. Aristóteles ainda teve tosse e foi para o hospital, mas não teve piora e, por isso, não foi testado.

Agora, com a alta de Shirley, eles esperam que a vez de Graciela esteja próxima e que, enfim, eles possam todos comemorar juntos a vitória completa contra o coronavírus.

Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução

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