Os jovens formam um dos grupos mais afetados pelo desemprego no Brasil. Entre 2020 e 2021, a população com faixa etária entre 15 e 19 anos sem emprego formal passou de 50% para 53%. Os dados são do Atlas da Juventude, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Na mesma proporção, o número de jovens que procuram emprego aumentou: 4 em cada 10 em 2021, contra 3 em cada 10 em 2020.
O cenário é desafiador, segundo os especialistas. É que além da pandemia, o mercado de trabalho se tornou mais dinâmico. As dificuldades para entrar nele, além dos índices de desemprego aliados à pandemia, fazem com que jovens se sintam desanimados.
É o caso de Vitória Eduarda dos Santos, de 21 anos, que está em busca do seu primeiro emprego. Ela não concluiu o ensino fundamental devido a motivos de saúde e, embora não tenha experiência profissional, conta que não esperava que a trajetória para entrar no mercado de trabalho seria tão difícil.
“Imaginava que seria mais fácil. Muitos dos lugares pedem experiência, eles não dão oportunidade para quem não tem”, conta.
Sem trabalho, mas não parados
O cenário pandêmico fez com que os jovens buscassem outras formas de incrementar seu rendimento pessoal ou familiar.
Em 2021, com a paralisação do auxílio emergencial, a proporção de jovens que buscou a complementação de renda por necessidade aumentou de 23% em 2020, para 38% em 2021. O índice é ainda maior entre jovens pretos: 47% deles precisam trabalhar para o complemento de renda.
A maior parte recorreu a bicos e atividades sem carteira assinada. Entre elas, prestando serviços para outras pessoas ou empresas e em atividades presenciais.
Das atividades realizadas para complementar renda, a principal foi a prestação de serviços para outras pessoas, sendo principalmente realizados por homens. Já a venda de produtos foi mais realizada por mulheres, seja de próprios ou de terceiros.
Jovens brancos realizaram mais atividades totalmente online e jovens negros realizaram mais atividades presenciais, estando mais expostos à pandemia.