Oito em cada dez pessoas afirmam ter identificado notícias falsas em redes sociais. O número é uma pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados e Senado, cujos resultados foram divulgados nesta semana.
Enquanto metade (50%) dos entrevistados considerou fácil identificar uma publicação como falsa, outros 47% disseram que esta é uma tarefa difícil.
E 67% afirmaram acreditar que as notícias falsas ganham mais visibilidade do que as verdadeiras em redes sociais.
O levantamento apontou ainda que, para 62% dos ouvidos pela pesquisa, o conteúdo veiculado na televisão ou no rádio é mais confiável.
No recorte por opção ideológica, a confiança maior nas redes sociais apareceu de forma mais forte entre os eleitores de direita (43%) do que entre os de esquerda (31%) e de centro (30%).
Entre os ouvidos, 83% declararam conferir a veracidade de informações antes de compartilhar com terceiros. Outros 13% responderam que não tomam este cuidado.
Na checagem, o principal aspecto levado em consideração para analisar se uma notícia é confiável é a fonte dela (73%), seguida pela pessoa que compartilhou a informação (24%).
Já no recorte por escolaridade, o peso desses dois fatores varia. Entre as pessoas com ensino fundamental incompleto, 50% checam prioritariamente a fonte para definir se a notícia é confiável e 43% verificam quem enviou o conteúdo.
Entre os entrevistados com ensino superior incompleto ou mais, por outro lado, 86% checam o veículo e 11% atentam para quem repassou a mensagem.
Questionados se a presença desses conteúdos prejudicou a confiança nas redes sociais, 58% responderam que sim e 40% que não.
No recorte por posição ideológica, eleitores de direita manifestaram menos problema na relação com as redes sociais (53%) em razão desse fenômeno do que os de esquerda (62%) e de centro (63%).
O escudo do anonimato
O estudo também perguntou se esses espaços virtuais deixam as pessoas à vontade para expressar opiniões preconceituosas. Neste caso, 90% dos entrevistados disseram acreditar que sim.
Percentual próximo, 83%, disse acreditar que as redes sociais influenciam muito a opinião das pessoas, enquanto 15% afirmam que essas plataformas impactam “pouco” a atitude das pessoas.
Essa percepção foi maior entre as pessoas com ensino superior incompleto ou completo (90%) do que entre as com fundamental incompleto (76%).
Impacto no voto
Sobre a influência das redes sociais durante eleições, 45% relataram já ter escolhido um candidato com base em informações acessadas em redes sociais.
A pesquisa também perguntou qual a fonte dos conteúdos que influenciaram sua decisão de voto.
O Facebook apareceu em primeiro lugar (31%), seguido por WhatsApp (29%), Youtube (26%) e Instagram (19%).
No recorte por inclinação ideológica, a influência das redes sociais foi maior entre eleitores de direita (55%) do que os de esquerda (46%) e de centro (43%).
Já no recorte por faixa etária, o papel das redes sociais na escolha do candidato foi mais sentido entre jovens (51%) do que entre idosos (35%).
Na avaliação por escolaridade, as redes sociais pesaram mais para quem tem ensino superior incompleto ou completo (51%) do que os com fundamental incompleto (34%).
Método
A pesquisa ouviu 2,4 mil pessoas com acesso à internet em todos os Estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas por telefone no mês de outubro.
A amostra foi composta de modo a reproduzir as proporções da população em relação a gênero, raça, região, renda e escolaridade.
Segundo os autores, o nível de confiança é de 95%, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.