Crônicas Policiais

Facção que usa casas de shows em Cuiabá para lavagem de dinheiro é alvo de operação

A investigação apontou, ainda, que a facção proibia a contratação de artistas de estados com influência de outras organizações criminosas

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Facção que usa casas de shows em Cuiabá para lavagem de dinheiro é alvo de operação
(Foto: PFMT)

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT), com o apoio do CIOPAER e do GAECO/MPMT, deflagrou hoje (5) a Operação Ragnatela. A operação tem o objetivo de desarticular o núcleo da maior facção criminosa do estado de Mato Grosso, Comando Vermelho, responsável por lavagem de dinheiro em casas noturnas cuiabanas.

Aproximadamente 400 policiais cumprem 8 mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão em Mato Grosso e no Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos (policial penal e fiscal da prefeitura) e suspensão de atividades comerciais (casa de shows na Avenida Beira Rio). As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.

Shows de MCs

Segundo a Polícia Federal, as investigações da FICCO apontaram que o grupo criminoso teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá, na Avenida Beira Rio, pelo valor de R$ 800 mil, pagos em espécie, com o lucro auferido por meio de atividades ilícitas.

A partir de então, o grupo passou a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, como o MC Poze, custeados pela facção criminosa Comando Vermelho, em conjunto com um grupo de promotores de eventos.

As investigações apontaram, ainda, que os integrantes da facção repassaram ordens para que não fossem contratados artistas de São Paulo, tendo em vista ser um estado sob influência de outra facção, rival da que atua em Mato Grosso.

Por conta dessa ordem, o artista conhecido como MC Daniel foi hostilizado durante a realização de um show em Cuiabá, em dezembro de 2023, e teve que sair escoltado do local. O integrante da facção que promoveu o show foi punido pelo grupo com a pena de ficar sem realizar shows e frequentar casas noturnas em Cuiabá, pelo período de dois anos.

Durante as investigações também foi identificado que o grupo contava com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária.

A Polícia Civil divulgou que também foi identificado que um vereador atuava em benefício da facção criminosa na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

Celulares em presídios

Durante as apurações, os policiais identificaram um esquema para introduzir celulares dentro de unidade prisional e transferências de lideranças da facção para presídios de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado, que se encontra em liberdade.

Prisão

Dois dos principais alvos da operação acabaram sendo presos pela Polícia Federal no último sábado (1º), quando desembarcaram em um aeroporto do Rio de Janeiro fazendo uso de documentos falsos e em posse de grande quantidade de dinheiro em espécie e joias.

Um deles é considerado o principal líder da facção criminosa investigada, que estava em liberdade, e estava viajando com documentos falsos. Os criminosos foram abordados ainda dentro da aeronave, logo após o pouso, no aeroporto carioca Santos Dumont.

Posteriormente, os dois foram entregues ao sistema penitenciária fluminense e também presos por força dos mandados de prisão da Operação Ragnatela.

A FICCO/MT é uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar e tem por objetivo realizar uma atuação conjunta e integrada no combate ao crime organizado no estado do Mato Grosso.

Mandados

8 prisões preventivas
36 mandados de busca
9 sequestros de imóveis
13 sequestros de veículos
2 afastamentos de cargo público
4 suspensões de atividade comercial
68 bloqueios de contas bancárias

(Com Assessoria)

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