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Expo em SP “evoca” o azul em obras que integram coletiva na Paulista

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Expo em SP “evoca” o azul em obras que integram coletiva na Paulista
Tirania da opinião (Marcello Jardim)
Se as cores provocam emoções, o azul está relacionado com o divino, a fantasia, a harmonia e a confiança, e por isso, é considerado como a cor das dimensões ilimitadas, segundo o livro “A psicologia das cores” da autora Eva Heller. Os diferentes matizes povoam a subjetividade humana com histórias curiosas sobre seus efeitos.
Para revelar a percepção artística sobre todo o seu potencial, a exposição coletiva “Blue & Blues” propôs como inspiração para as obras produzidas pelos 31 artistas convidados, justamente, as múltiplas interpretações suscitadas por essa tonalidade. A mostra de artes visuais chega a São Paulo no dia 5 de setembro, às 18h30, no Espacio Uruguay, na Avenida Paulista. A visitação ocorre até o dia 2 de outubro, das 15 às 18h.
Os sentimentos intimistas e introspectivos evocados pelo pigmento azul compõem o tema central, que busca contar essa trajetória reconhecendo sua importância na história da arte. Assim a curadora Sandra Honors explica sobre esse percurso: “O pigmento azul foi obtido de diversas formas, em diferentes períodos. Os Egípcios combinavam calcário, areia, e cobre, que aquecidos, resultavam num vidro de tonalidade azul opaco. Temos o azul obtido a partir da pedra semipreciosa lápis-lazúli, conhecido por ‘Azul Ultramarino’, que chegou a ser mais valioso que o ouro. Depois veio sua versão sintética. Mais barata e acessível, e que recebeu o nome de ‘Ultramarino Francês’, isso já no século XIX. Paralelo a isso, no início do século XVIII já existia o Azul da Prússia, e depois, veio o Azul Cobalto, que era utilizado como um possível substituto ao Ultramarino”, ressalta.

Johannes Vermeer, mesmo em situação econômica precária, usava o azul ultramarino em suas pinturas. Pablo Picasso expressou sua melancolia empregando a cor, após uma decepção amorosa e a morte de um grande amigo que cometeu suicídio. Os céus noturnos de Van Gogh, repletos de estrelas, também demonstram o fascínio do artista com essa tonalidade. Yves Klein chegou a criar seu próprio tom da coloração, com o conceito cósmico de “vazio”, para traduzir a imaterialidade e a imensidão da sua visão de mundo. São exemplos que demonstram como a história do azul permeia a própria história da arte.

Do blue ao blues

Além da exposição de obras de arte, durante a abertura da mostra haverá uma apresentação da dupla Fernando Naviskas (voz e percussão) e Sebastian Júnior (voz e piano). “Os músicos escolheram um repertório muito afinado com a proposta curatorial, que é a de emocionar e tocar. E assim levar um pouco o visitante a um momento de introspecção e sensibilidade. A música servirá como uma ponte, entre a cor e o sentimento”, revelou a curadora.

Muito mais do que uma trilha sonora para a estreia, Fernando Naviskas e Sebastian Junior entoarão canções consagradas da música brasileira e internacional que remetem aos sentimentos proporcionados pelo azul.

Artista visual e músico, Naviskas já expôs suas obras em países como Alemanha, França e Portugal. Para o Espacio Uruguay, descreve os quadros que levará para a composição: “Uma remete a um velho músico de blues americano. Denominei-a ‘The Old Bluesman’.  É essencialmente um domínio dos azuis que se fundem à figura. A segunda pintura prestigia Duda Neves, o grande nome da bateria do Brasil. Músico excepcional, que além de ter acompanhado grandes nomes da MPB e do exterior, também formou diversos bateristas de qualidade.  Um gênio e sobretudo um ser de muita espiritualidade. Essa tela mostra um ‘starman’, um viajante galáctico e sua nave, a bateria”.

Outro artista integrante da mostra é Marcelo Jardim, que apresenta um trabalho chamado de “Tirania da Opinião”. “Esses desenhos são resultado da minha inquietação com o momento caótico da nossa vida política e social, momento que tem – em sua polarização vulgar -, os contornos de um retrocesso em múltiplos níveis de nossos convívios. Há algo de violência incontida, incivilidade e inquietude. Pode parecer óbvio, mas há tempos a percepção do que seja inviável tem me desafiado a transformar essa intuição em expressão”, discorre o pintor que já foi premiado no Salão de Outono França-Brasil, no Memorial da América Latina.

Com parte de suas criações no acervo do Centro Universitário Maria Antônia da Universidade de São Paulo (USP), e também na Espanha e em Portugal, a ceramista Cibele Nakamura compartilha sobre as duas peças selecionadas para a exposição: “São mandalas que faço a partir da reciclagem com a sobra dos materiais dos meus trabalhos com cerâmica. Reutilizo a argila, amolecendo e colocando no molde que é a base. Trabalho com marmorizado em cerâmica, e com essas raspas desenho o motivo, usando também cacos de vidro. A primeira chama ‘À flor da pele’, que reflete esses sentimentos e emoções. A outra é um desenho feito de vidro chamado “Extrapolando os limites”, que retrata a superação”.

Com formação pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e com exposições coletivas e individuais em seu currículo, em espaços como Arte Aplicada, Ornamentum e A Hebraica, a aquarelista Chana Rosenberg participa com duas obras: “Uma aquarela se chama “Encontros” e a segunda “Tempestade”. Eu acredito que essas aquarelas surgem da vontade de contar a abertura do azul, no caos contemporâneo. O azul traz uma calma no meio da tempestade”, dividiu.

Artistas convidados

Os demais artistas que estão na mostra coletiva são: Adelisa Ribeiro Machado, Aidê Zorek, Angela Zambelli, Clóvis Loureiro, Eliane Amorim, Felix Fassone, Fuzi Daki, Kátia Almeida, Kiki Stefani, Kity Mendonça, Krys Potter, Laila Guimarães, Lélia Accioli, Luísa Dequech, Marisa Romeo, Nancy Passos, Nati Sàez, Paulette Gerecht, Ramona Kiessling, Regina Freitas, Regina Helene, Rita Tucci, Simone Ztellzer, Sônia Scalabrin, Soraia Persoli, Suely CM e Zilamar Takeda.

Espacio Uruguay fica na avenida Paulista, 1776, 9º andar

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