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Ex-secretário da Casa Civil, advogado Paulo Taques é preso em Cuiabá

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Ex-secretário da Casa Civil, advogado Paulo Taques é preso em Cuiabá

Ednilson Aguiar/O Livre

Paulo Taques preso

Paulo Taques, ex-secretário da Casa Civil, aguarda audiência de custódia no Fórum

O ex-secretário chefe da Casa Civil de Mato Grosso Paulo Zamar Taques foi preso nesta sexta-feira (4), por ordem do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça. A Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do ex-secretário, no condomínio Florais Cuiabá.

Na decisão, Perri indica dois crimes que o ex-secretário teria cometido: denunciação caluniosa, que é denunciar alguém às autoridades sabendo que a pessoa é inocente, e realizar interceptação telefônica com objetivos não autorizados por lei.

No caso do primeiro crime, ele se refere aos depoimentos prestados pelas delegadas Alana Cardoso e Alessandra Saturnino. Elas afirmam que Paulo acusou a ex-amante, Tatiane Sangali Padilha, e uma funcionária de envolvimento numa trama contra o governador Pedro Taques. Com base nisso, os telefones das duas foram grampeados na Operação Querubim – o que teria incorrido no segundo crime. 

O ex-secretário nega os relatos das delegadas.

VEJA A ÍNTEGRA DA DECISÃO

O desembargador determinou que Taques fique preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), unidade para presos com nível superior no bairro Carumbé. Segundo ele, o local se encaixa no conceito de Sala de Estado-Maior, unidade para presos com prerrogativa.

Antes, o ex-chefe da Casa Civil deverá passar por audiência de custódia com o juiz Marcos Faleiros da Silva, da 11ª Vara Criminal, que será aberta. A decisão foi proferida na quinta-feira (3).

Ednilson Aguiar/O Livre

Paulo Taques preso

Paulo Taques, ex-secretário da Casa Civil, aguarda audiência após ser preso

Participação nos grampos

Na decisão, Orlando Perri afirma que não sabe ao certo a real participação de Paulo Taques no esquema de grampos ilegais. “Contudo, o que temos apurado é que o grupo criminoso trabalhou incisivamente em prol dos interesses de Paulo Taques, sobretudo no que tange à interceptação telefônica clandestina de pessoas que, de alguma forma, e em determinados momentos, possuíam algum interesse contrário ao seu”, escreveu.

O magistrado aponta indícios de que o esquema de grampos foi operado por uma “organização criminosa muitíssimo bem arquitetada e formada para a prática, dentre outros, crimes de intercepção telefônica ilegal”.

Interferência nas investigações

O desembargador considerou necessária a prisão para proteger as investigações. Ele afirma que Paulo  Taques “em liberdade, vem buscando, de todas as formas, interferir diretamente na apuração dos fatos, mediante a utilização dos meios de comunicação, sobretudo pelo prestígio que ainda possui perante a imprensa de forma geral, ou, quiçá, de espaço decorrentes de suas relações com o governo”. 

Ex-secretário foi preso pelos crimes de denunciação caluniosa e por interceptação ilegal por motivo
não previsto em lei

Perri menciona que Paulo Taques enviou documento ao secretário de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, pedindo que fornecesse cópia de uma investigação que tramitava em sigilo, e foi prontamente atendido. A investigação era sobre grampos ocorridos em Lucas do Rio Verde.

“Mesmo após ‘sair’ do governo, ao invés de buscar acesso aos autos do inquérito policial sigiloso, como todo e qualquer cidadão comum, ou seja, por meio de petição dirigida ou ao delegado que preside o inquérito, ou ao Poder Judiciário, vem se valendo de sua influência com outras autoridades para obter benefícios indevidos”, disse Perri.

O magistrado viu na atitude de Paulo a tentativa de ter acesso a procedimentos sigilosos e, ao mesmo tempo, mandar recado ao delegado Flavio Stringueta, de que tinha acesso irrestrito ao seu superior, o secretário de Segurança.

Destruição de provas

O desembargador vê também risco de destruição de provas. Segundo ele, se os membros do grupo tiverem acesso ao software e ao hardware de interceptação telefônica, até o momento não localizado, a possibilidade de encontrar alguma gravação ou áudio dos grampos clandestinos será “praticamente zero”.

Perri vê indícios de que Paulo Taques tenha “participação direta na adulteração do protocolo, constatada pela auditoria feita pela Controladoria Geral do Estado, sobretudo por ser, à época, o responsável pela pasta”.

Na decisão, ele afirma que Paulo goza de grande prestígio no Poder Executivo, “não apenas pelo grau de parentesco mantido com o governador [primo], mas, também, por ter sido, durante anos, seu homem de confiança.”

Além disso, observou que o sucessor de Paulo na chefia da Casa Civil é irmão de Ênio Carlos de Souza Vieira Neto, braço direito do ex-secretário em seu escritório de advocacia. “Pode-se dessumir, iniludivelmente, que Paulo Taques possui amplo e irrestrito acesso a tudo que diz respeito à Casa Civil e que a ‘saída’ do governo pode ter sido meramente formal”, escreveu na decisão.

Grampos

Paulo Taques é primo do governador, Pedro Taques (PSDB-MT), e é suspeito de crime de interceptação telefônica num esquema tipo “barriga de aluguel”, em que números de telefones de cidadãos comuns foram inseridos nos autos da Operação Forti, que investigava organizações criminosas.

O esquema teria começado nas eleições de 2014. Entre eles, o da ex-amante do secretário, Tatiana Sangalli, o jornalista e então candidato a governador José Marcondes “Muvuca” e dos advogados José do Patrocínio e José Antonio Rosa. Em 2015, novos nomes foram incluídos nas escutas, como a da deputada estadual Janaina Riva (PMDB). 

 

 

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