Mato Grosso possui o maior rebanho bovino do país, com aproximadamente 30,3 milhões de animais, dos quais 80% da raça Nelore e ‘anelorado’. Em busca de modernizar e agregar ferramentas de melhoramento genético, pecuaristas do estado estão participando, desde junho, da maior prova de ganho de peso a pasto.

A proposta da Associação dos Criadores de Nelore é testar e disponibilizar ao mercado touros jovens com alto desempenho produtivo e com biótipo adequado à produção de carne. Os resultados da prova servirão como instrumento de seleção entre rebanhos e testes de progênies de reprodutores.

Estão participando 100 animais, de 26 criatórios mato-grossenses. Este ano dividimos a avaliação em dois lotes: acima e abaixo de 250 kg, machos, puros de origem (P.O), nascidos entre 8 de setembro e 7 de dezembro do ano passado. Essa divisão busca nivelar e potencializar o desempenho dos reprodutores.

O tempo de duração é de 290 dias, quando eles serão classificados a partir de critérios da ABCZ, entre elite, superior, regular e inferior. É importante frisar que essa prova é como uma corrida de fórmula 1, ou seja, uma competição entre os melhores animais de Mato Grosso. Isso significa que todos eles são superiores e as divisões são para efeito classificatório.

Após a fase de adaptação às mesmas condições de manejo e pastagem, que termina em agosto, ocorrerá a primeira pesagem. Serão feitas mais três pesagens intermediárias e uma final, promovendo uma verdadeira investigação genética que comprovará a categoria diferenciada dos animais.

Entre os itens de desempenho avaliados estão origem, linhagem paterna e materna, ganho de peso (média diária), circunferência escrotal e fenótipo (aparência), para buscar identificar entre os participantes os que apresentam melhor desempenho global no peso final padronizado (por lote), além de exames de ultrassonografia para medir área de olho de lombo e espessura de gordura, itens que geram mais maciez à carne.

Temos um diferencial importante neste ano, convidamos as maiores empresas de venda de sêmen do país para vistoriar os animais no final da prova. Por meio dos dados gerados, esses animais poderão ter o material genético divulgado e comercializado em todo país. Isso sem dúvida agregará maior rentabilidade e credibilidade aos nossos pecuaristas.

Na prova do ano passado, após nove meses de trabalho a campo, obtivemos um resultado importante: o rendimento dos animais avaliados ultrapassou em mais de 100% o que é obtido pelos produtores estaduais em condições semelhantes, no mesmo manejo. A média de ganho de peso deles superou 827 gramas diárias. Participaram no ano passado 139 animais, de 35 criatórios de várias regiões.

É importante frisar que a prova conta com vários parceiros, entre eles, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que chancela as avaliações e o resultado, e a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que acompanha todo o processo.

Se Mato Grosso fosse considerado um país, em um ranking comparativo, ficaria em 6º lugar no mundo, atrás da Argentina – que possui 53 milhões de rebanho, e à frente da Austrália – 28 milhões animais. O setor compreende mais de 100 mil produtores, dos quais cerca de 80% com até 290 cabeças.

No entanto, ter o maior rebanho não vem refletindo em melhor rentabilidade ao pecuarista, que enfrenta dificuldade no acesso a linhas de crédito, preço da arroba estagnado, reajuste nos preços de insumos, como mão de obra, sal mineral, ração, arame e diesel, e alta carga tributária – 12 vezes maior que no Pará e 150% a mais que Mato Grosso do Sul.

Em meio a este cenário de crise, temos incentivado a implementação de novas tecnologias de manejo e genética pelos produtores. Porque a associação está comprometida com o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento da pecuária de corte no país e em Mato Grosso. E a prova de ganho de peso a pasto é um exemplo desse nosso esforço.

Alexandre El Hage, vice-presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT), zootecnista, pecuarista e empresário em Cuiabá

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