Cidades

Estudante de MT vai à ONU mostrar projeto de ensino de idiomas a carentes

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Estudante de MT vai à ONU mostrar projeto de ensino de idiomas a carentes
Foto: Arquivo pessoal

O interesse por questões sociais levou a jovem Monique Jeane Barbosa da Silva, de 21 anos, não apenas à faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mas muito além do que ela poderia imaginar. Ao longo dos seus quatro anos de curso, ela teve inúmeras oportunidades, participou de aulas de mestrado como aluna convidada e esteve em diversos congressos, até mesmo internacionais. Agora, a estudante se prepara para uma das aventuras mais importantes da jovem carreira: participar do congresso de jovens líderes promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Esta história da Monique começou ainda no último ano do Ensino Médio, quando teve a oportunidade de participar da Semana Jurídica da Faculdade de Direito da UFMT, a convite de um professor. Lá conheceu o professor Valério Mazzuoli, especialista em Direito Internacional, que mantém um grupo de estudos na universidade. Foi naquela oportunidade que a estudante percebeu o quanto se interessava pelo tema. O momento foi decisivo para que ela escolhesse o Direito no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Desde meu primeiro ano na faculdade procurei me envolver com atividades extracurriculares, dentre elas o grupo de estudos. Me apaixonei pelo Direito Internacional antes mesmo de ter a matéria na grade, porque pude perceber que é possível, através da minha profissão, impactar não apenas minha comunidade a nível local mas a nível global”, contou Monique ao LIVRE.

Uma vez no grupo de estudos, Monique escreveu diversos artigos acadêmicos, ajudou na organização de eventos sobre Direitos Humanos e Direito Internacional e fez mobilidade acadêmica para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na qual foi aluna ouvinte na disciplina de Direitos Humanos na turma de mestrado em Direito, também a convite de um professor. Todas as experiências vividas, aliadas a sua vontade pessoal, ajudaram Monique a traçar um caminho importante, que aponta para o sucesso.

Monique, incentivada pelos pais, criou um projeto social para trabalhar a educação, e conta com alguns amigos para colocar o “Empoderamentes” em prática. O projeto consiste no ensino de idiomas para jovens carentes e aulas de português para os imigrantes. A estudante, que não teve a oportunidade de aprender um idioma diferente em uma escola privada, reconhece a necessidade de uma educação de qualidade.

“Uma coisa que meus pais me ensinaram desde cedo, e que ficou marcada em mim, é o fato de que através da educação a realidade de um indivíduo, independente de seus status social, cor, raça e orientação sexual, pode mudar drasticamente. Portanto, por meio de uma educação de qualidade, entendo que diversos problemas que assolam nossa sociedade podem ser transformados e erradicados”, observou.

O projeto de Monique trabalha justamente um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaborados pela ONU. Os pontos, que envolvem questões como a erradicação da pobreza, promoção de saúde e bem estar, educação de qualidade e redução das desigualdades, foram levantados em Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015 e adotados por 193 países, incluindo o Brasil, que deverão cumprir a agenda até 2030. Por isso, a estudante esteve um passo à frente e foi selecionada pela Embaixada do Brasil para ser uma das representantes nacionais. A segunda e última fase de seleção foi feita por agentes da ONU.

O resultado da seletiva saiu em meados de maio, quando Monique havia acabado de retornar dos Estados Unidos, onde participou da Competição de Julgamento Interamericano de Direito Público Internacional e Direitos Humanos, realizado em Washington (DC). No evento, ela teve a oportunidade de, com um grupo de amigos da Faculdade de Direito da UFMT, assistir aos debates de mais de 100 equipes de 23 países do mundo.

Foto: Arquivo. Monique, de blazer azul, e os colegas da UFMT

“Ter sido escolhida pela ONU é um fato maravilhoso porque, ao participar da conferência, vou ingressar numa rede mundial de jovens líderes que possuem projetos semelhantes e que podem contribuir com a implementação desse meu sonho quando eu retornar para Cuiabá. Inclusive, um dos pontos que a embaixadora destacou, e que mais despertou meu interesse em ser selecionada, foi justamente esse de que o comitê da ONU responsável pelo evento pode acompanhar e instruir o desenvolvimento de projetos sociais”, revelou a estudante.

No entanto, apesar da representatividade, Monique tem enfrentado problemas para conseguir, de fato, participar do congresso da ONU. Isso porque o projeto demanda um gasto superior ao qual sua família pode arcar. Para tentar arrecadar recursos, a estudante chegou a fazer uma vaquinha online, que encerrou no mês de junho. O valor arrecadado, porém, não foi suficiente. Ela conta agora com o apoio de patrocinadores para conseguir representar o Brasil na conferência.

“Eu sempre tive certeza de onde queria chegar na vida e do impacto que quero ter na vida dos outros seres humanos. Por isso continuei estudando por conta, aprendi outro idioma sozinha e foi justamente a inquietação social que eu tenho desde nova que me levou à essa oportunidade”, finalizou.

Quem puder ajudar a estudante, poderá entrar em contato pelo aplicativo Whatsapp pelo número (65) 9.9305-2002.

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