A primeira Bienal de Arte Sacra Contemporânea em Menton, extremo sudeste francês continental, cujo tema é “Ode à Vida”, foi repentinamente envolta em uma falsa polêmica quanto a uma obra da artista plástica holandesa Daphné Du Barry. De forma surpreendente, a estátua foi vista como polêmica inaceitável, ofensiva, degradante e agressiva por ninguém menos que movimentos abortistas e feministas, estes sim sempre cercados de polêmicas inaceitáveis, ofensivas, degradantes e agressivas.

Mas que estátua “polêmica” é essa? Alguém defecando em público sobre uma imagem religiosa? Alguém escarrando em um quadro de Cristo? Alguém entrando de torso nu em um evento religioso? Alguém em frente à Sede da Cristandade introduzindo Crucifixos no ânus? Cristo representado por um travesti em uma Parada Gay? Cruzes de ponta-cabeça?

A resposta é não. Trata-se de uma monumental estátua de bronze exposta nos jardins do “Grand Hôtel des Ambassadeurs”, em Menton, que, seguindo o mote da Bienal de Arte Sacra Moderna, retrata a Virgem Maria chorando inclinada sobre sete fetos abortados prostrados à terra aos seus pés, ainda com os cordões umbilicais, e por tal razão, denominada Nossa Senhora dos Inocentes (“Notre-Dame des Innocents”).

Sim, uma obra respeitosa e piedosa que foi vista como ultraje último por grupos militantes de esquerda – que de ultrajes à fé, à moral, ao pudor e à civilização entendem bem, como demonstraram também no protesto contra a estátua, conforme se verá adiante.

Grupos abortistas, ditos “pró-escolha” (ou seja, pró-aborto), descreveram a obra como “brutal” e sua mensagem como “chocante”, iniciando-se uma pesada campanha para que o prefeito da cidade a remova das vistas dos transeuntes. Segundo a associação abortista Planning Familial 06, do estado dos Alpes Marítimos Franceses, a obra “serve como pretexto para culpabilizar as mulheres”, e é “uma estátua de mau gosto que fere por sua mensagem negativa que remete ao aborto”. Em suma, para eles: estátua remeter às vitimas do aborto, não pode; realizar o aborto, pode.

Por conta disso, abortistas e feministas se lamentam pelas supostas 47 mil mulheres que no ano de 2018, ao redor do Globo, teriam morrido após abortos ilegais em clínicas clandestinas – dados estes fornecidos pela própria entidade militante sem indicarem a fonte. No entanto, as mesmas militantes parecem “esquecer”, ou não se importar, que 41,9 milhões de crianças, repita-se, quase 42 milhões de crianças!, foram mortas apenas no ano de 2018 segundo a Organização Mundial de Saúde, ligada à ONU, e certamente insuspeita de ser contra o aborto, já que o acolhe como “direito reprodutivo”.

Ora, apenas vítimas de aborto somam uma quarentena de milhões de crianças mortas no ventre das mães, enquanto as pessoas mortas por câncer somam 8,2 milhões, em decorrência do fumo 5 milhões, da AIDS 1,7 milhão, tudo segundo a própria Organização Mundial de Saúde. A luta contra o câncer, o fumo e a AIDS detêm inúmeras campanhas midiáticas de combate e se faz forte investimento em pesquisas; já das vítimas do aborto não se fala.

Todas as manifestações verdadeiramente blasfemas citadas no segundo parágrafo, literalmente tudo o possível para ofender e dessacralizar e que ocorrem constantemente, são plenamente acolhidas por críticos de arte, pela grande imprensa, por políticos progressistas e pelos movimentos militantes, com o pretexto de “liberdade artística e de expressão”, além de acusarem seus detratores de “tacanhos”, “obscurantistas”, “medievais”, “autores de caça às bruxas” etc. Porém, toda essa retórica progressista vem à pane completa de repente por não quererem ver uma estátua de Nossa Senhora chorando pelas crianças inocentes mortas!

Aí sim, diante dessa inversão de valores, os promotores da “liberdade artística e de expressão”, da arte livre, da liberdade absoluta repentinamente se tornam os piores censores e detratores da arte em seu estado mais puro, requerendo sua censura por critérios ideológicos, discriminatórios e militantes. Ou seja, só é permitido aquilo no que eles crêem.

É certo que a esquerda detém “ex cathedra” o duplo padrão por conveniência, e isso não pode causar mais surpresa a ninguém. Mas quem são as pessoas que se ofendem com essa bela obra de arte, arte verdadeira, não as usualmente vistas em museus de arte moderna?

Como já adiantado, grupos de esquerda abortistas e feministas, como a citada “Planning familial 06”, e também o GRAF – Grupo de Reflexões e Ações Feministas; também o Centro LGBT de Nice Côte-D’Azur se afiliou aos detratores da estátua; mas, além deles, a Associação pela Democracia de Nice, que, apesar do nome, luta por uma política pró-imigração de viés filo-anárquico contra qualquer forma de “repressão policial e judiciária”; mas também um sedizente grupo de “livres Pensadores” de Menton e região, com viés de alegado racionalismo, ceticismo, humanitarismo, ateísmo, agnosticismo, libertarianismo e anarquismo.

Mas ao lado da esquerda militante de abortistas, feministas e “livres pensadores” veio também a grande imprensa contra a estátua: France3, BFM TV, CNEWS, o jornal Nice-Matin, e até FranceInfo, que intitulou uma matéria “Em Menton polêmica sobre a ‘Nossa Senhora dos inocentes’, a escultura que chicoteia com o aborto”.

No dia 07 de outubro, Festa de Nossa Senhora do Rosário, em tom zombeteiro que certamente não consideram desrespeitoso por eles mesmos, associações de feministas e defensores da causa homossexual se reuniram de seio nu diante da estátua e a “rebatizaram” com o nome de “Nossa Senhora da Livre Escolha”, cobrindo a Virgem com um véu roxo e as crianças com roupas rosas, em total escárnio.

A artista autora da estátua, a Sra. Du Barry (não a famosíssima amante de Luís XV de França, Jeanne Bécu, mais conhecida como Madame du Barry, mas sim Daphné, a escultora holandesa) disse sobre a obra que pretendia “simplesmente dar testemunho da Beleza, que representa a Vida. No mais, uma criança é um presente de Deus. A Virgem Maria chora porque estes pequenos não viram a luz”. Demonstra “consolação” e “compaixão”, e “os cordões umbilicais demonstram que as crianças sem as mães, morrem”. “Chorei muito a cada bebê que esculpi”, disse ainda.

A mensagem que a escultura pretende transmitir, e realmente o faz!, é bela, profunda e piedosa, e de forma alguma pode ser ofensiva por mostrar a Mãe de Deus acolhendo com Sua dor e Seu amor crianças rejeitadas, mortas no ventre de quem deveria garantir-lhes a vida, a segurança e o amor.

Com grande coragem, a patronesse da obra na Bienal, a italiana Liana Marabini, proprietária do “Grand Hôtel des Ambassadeurs“, descreveu a obra como: “crianças rejeitadas que a Virgem procura salvar-lhes também as suas almas, que foram rejeitadas pelos próprios pais”. Garante ela, ainda, que a obra continuará para sempre onde se encontra, e que as acusações contra a escultura são infundadas.

Ora, qual grau de indignação seletiva, e de cinismo, é este que não se ofende com alguém defecando em público sobre uma imagem religiosa, escarrando em um quadro de Cristo, entrando nu em um evento religioso, em frente à Sede da Cristandade introduzindo Crucifixos no ânus, Cristo representado por um travesti em uma Parada Gay, Cruzes de ponta-cabeça e – sobretudo!!! – com bebês inocentes mortos nos ventres de suas mães? Mas, hipocritamente, se ofendem com a Nossa Senhora dos Inocentes acolhendo em seu seio as pobres almas enjeitadas pelos pais?

Que a bela estátua permaneça onde está, e que sirva sempre de reflexão àqueles que pretendem assassinar uma criança inocente no ventre de sua mãe. Mais ainda, que a estátua exponha os algozes dos inocentes à sua consciência, às conseqüências de seus atos e à crueldade vituperada contra essas pobres almas que não puderam nascer.

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