A Kombi faz aniversário nesta segunda-feira (2) e, como boa sexagenária, soube se reinventar e continua firme no gosto dos brasileiros.
O veículo é versátil desde que foi pensado, já que uniria passageiros e cargas. Uma inovação para época, final dos anos 1950.
Ela foi fabricada até 2013 e, apesar do passar dos anos, permanece firme em 2019, com mais estilo e graça, alcançados com as técnicas de customização e restauração.
Quem está investindo no carro conhecido popularmente como “perua” é o casal Thiago Sinohara e Marília Bonna. Eles estão tratando com carinho uma Corujinha, ano 1975.
Para quem não é – ainda – um amante de Kombi, corujinha é o modelo com o para-brisa dividido no meio. Ela tem uma linha frontal em forma de “V” e a união dos traços se assemelha a cara do animal.
Thiago e Marília são proprietários do Sebo Rua Antiga, que era itinerante em um fusquinha e agora é fixo na Rua Joaquim Murtinho, Centro Histórico de Cuiabá.
A ideia é manter o espaço e, com a Kombi, retomar a atividade externa com muito estilo. Além de livros, revistas e discos, o veículo será adaptado para um café.
“Temos o objetivo de desenvolver o negócio, mas também de compartilhar nossas paixões”.
Conforme Thiago, o amor pela Volkswagen começou quando ele ainda era criança e andava no Fusca 69 do avô.
Dali surgiu o sentimento que se o levaria ao Fusca e posteriormente a Kombi.
“Resolvemos trocar de veículo por causa do espaço. A Kombi foi criada para carga e dará condições de ampliar o projeto. Ela é uma espécie de Fusca de carga”.
E Thiago não está errado. Os primeiros rascunhos do que seria a Kombi foram feitos nos blocos de anotações de Ben Pon, um importador holandês que pensou em fazer um veículo multiuso a partir do chassi do Fusca.
Sinônimo de liberdade
Poder carregar muita coisa e muita gente ao mesmo tempo foi, justamente, o que fez a administradora Bárbara Pereira Pinheiro se apaixonar pela Kombi.
E assim como no caso de Thiago e Marília, a ideia dela é transformar o veículo na sede sua empresa.
Bárbara já tem o negócio. Produz e vende laços e acessórios de cabelo para crianças. O nome da empresa já remete ao veículo: Kombi da Baú, como ela é mais conhecida entre os amigos. E até o mecânico para customizar a loja sobre rodas já foi escolhido.
“Agora, só falta a Kombi”, ela diz aos risos, pontuando que o dinheiro já está na conta. O problema é que se trata da conta do FGTS, de onde Bárbara ainda não conseguiu resgatar o valor.
Enquanto isso não acontece, Bárbara vende seus produtos no Bulixo do Sesc Arsenal de Cuiabá, quase sempre uniformizada com sua saia de kombis para identificar a marca.
O sonho também era ter uma Corujinha, mas o alto custo de uma restauração fez Bárbara “customizar” a ideia inicial. O que, na sua avaliação, não muda o espírito de liberdade de poder levar seu negócio – e consequentemente sua família – para qualquer lugar.
“Tenho alma de hippie. Quero envelhecer tranquila com a Kombi cheia de arte na beirada da praia”.
Um carro que é (literalmente) fogo
Mas não só a capacidade de carga tornou a Kombi um carro famoso. O fato de seu motor pegar fogo com certa facilidade também a transformou em um ícone.
O curioso é que os incêndios não foram a razão para ela parar de ser fabricada. No Brasil, isso ocorreu em 2013, por motivo de segurança, mas não esse.
A causa foi a exigência prevista em lei de instalação de airbags dianteiros e freio ABS. Na ocasião, a Volks chegou de pedir uma exceção para o governo federal, mas não conseguiu.
Diante da negativa, o último lote saiu da fábrica em 18 de dezembro de 2013. A derradeira tinha chassi EP022.526 e foi direto para o museu da Volkswagen, em Hannover, na Alemanha.
Mas e o fogo? No YouTube, é fácil encontrar diversos vídeo de amantes de Kombi – eles são muitos mesmo – que explicam, não só porque os incêndios ocorrem, mas também como evitá-los.
A explicação está nas mangueiras que levam o combustível ao motor. Em geral, ou elas se desgastam com o tempo e o calor ou se rompem por causa da pressão.
Novo modelo
A nova versão será totalmente elétrica e a bateria dará autonomia de até 430 km.
No interior, haverá todo conforto e estrutura que favorece o uso do veículo para diversas atividades.
O banco do motorista, por exemplo, vira em até 360 graus para que ele possa integrar a mesa de baralho que fica no “salão”.
O modelo ainda não tem um nome próprio, mas é conhecida como conceito I.D Buzz.