Faltando exatamente uma semana para o Natal, pelas ruas de Cuiabá, praticamente nada mudou. Nenhuma luz ou enfeite típico dessa época do ano. Pelo que se nota, a pandemia de covid-19, que iniciou um processo de transformação em todo o planeta, modificou também esse costume.
Estruturas de decoração públicas não foram montadas. Mas é só aparentemente. Quem vende os enfeites aponta para um aumento de 20% nos negócios, em comparação com o ano passado.
“As vendas ainda foram baixas, mas ainda assim foram 20% melhor do que 2019”, explica a gerente de uma loja de decoração para festas. Um dado que indica que, a exemplo de outras atividades, o espírito natalino foi levado para dentro das casas.
Juliana Dias faz parte dos “decoradores”. Na quarta-feira (16), estava pela segunda vez em uma loja na região central de Cuiabá. Quando encontrou a equipe do LIVRE, já havia investido cerca de R$ 600 em luzes, enfeites e outros adereços.
“Nunca liguei muito para coisas de Natal, mas esse ano me dediquei a decorar a casa. Está todo mundo bem desanimado, desacreditado. A ideia é trazer um pouco de alegria, de esperança”, ela justificou.
Juelita Dias, 49 anos, também resolveu caprichar esse ano e, segundo ela, também por causa da pandemia. Depois de reformar a casa, ela quis deixar tudo enfeitado para criar o clima natalino.
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E tem opção para todos os gostos – e bolsos. Os produtos em uma das lojas pelas quais a reportagem passou têm preços que variam de R$ 4,99 (enfeites pequenos) a R$ 700 (uma árvore de Natal com quase dois metros de altura).
O período com o maior movimento nesses estabelecimentos se dá logo no início de novembro. Segundo Clodoaldo Monteiro, o gerente de uma loja de utilidades, logo após o Dia das Crianças, os produtos natalinos ganham as prateleiras.
E o estabelecimento em que ele trabalha também registrou aumento de 20% nas vendas. A aposta para o motivo da alta é o mesmo: “por causa de tudo que está acontecendo”.
Já nas ruas…
Ainda assim, quem passeia pelo centro de Cuiabá percebe que poucas lojas estão decoradas. Visivelmente aborrecido com a falta de clientes, o dono de uma ótica no Calçadão da Galdino Pimentel, confessou: preferiu não enfeitar a loja para o Natal de 2020.
Com uma carranca que se assemelha a do Grinch – o rabugento personagem do filme homônimo dos anos 2000 que odeia enfeites e faz de tudo para acabar com o Natal de uma cidade fictícia – ele preferiu não estender a conversa com o LIVRE.
“Não enfeitei nada esse ano. Olha aí, quase final de novembro e não tem ninguém no Calçadão”, esbravejou.
E ele não foi o único. A Prefeitura de Cuiabá também preferiu não investir em decorações neste ano.
Segundo o município, a decisão foi tomada por medidas de biossegurança por causa da covid-19. A ideia seria evitar aglomerações de pessoas. Só o Palácio Alencastro recebeu iluminação natalina.
Sem os enfeites e eventos comemorativos, os cofres municipais devem economizar – em média – R$ 55 mil este ano. O destino do valor poupado não foi informado pela prefeitura.