Ednilson Aguiar

Haras ecoterapia

 

Erik Vinícius recuperou sua liberdade e independência com a equoterapia

Era um dia normal na vida de Erik Vinicius Souza Silva, que acabara de completar 18 anos e se preparava para tirar a carta de motorista. Passeando pelas ruas de Sorriso (400 km de Cuiabá) onde morava, uma tontura inesperada o levou ao chão. Começava aí, o pior pesadelo da vida dele.

Era uma hemorragia cerebral, causada por um rompimento de um vaso sanguíneo. Foram cinco cirurgias, uma infecção hospitalar, 45 dias na UTI, outros 45 de internação. “Os médicos me deram dez dias de vida”, lembra, visivelmente emocionado.

Passados os momentos críticos, Erik voltou para casa preso a uma cama hospitalar e continuou surpreendendo médicos, familiares e amigos. Logo no início do processo de reabilitação, ele conheceu a equoterapia, um método terapêutico educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação.

“É um trabalho muito completo, abrange todas as áreas”, destaca a fisioterapeuta Taiane Caldeira do Amaral, responsável pelo projeto no Haras Twin Brothers.

Ednilson Aguiar/O Livre

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Alice abre largos sorrisos quando chega a hora da aula, revela a mãe Kellen

Foi a atividade aliada aos tratamentos convencionais que trouxeram à normalidade de volta para a vida de Erik. “Cheguei aqui com um pouco de medo, mas logo senti os benefícios”, disse.

E são muitos benefícios. O irmão de Erik, Felipe, é quem faz questão de trazê-lo toda semana. “Mudou tudo, ele anda sozinho, não precisa mais de ajuda nem para ir ao banheiro. A gente vê a alegria no rosto dele”, comemora o irmão.

Para Erik, a vitória é de toda a família. “É um esforço em conjunto. Muitos acharam que eu não conseguiria, mas conquistei minha liberdade e levo uma vida normal de um jovem de 22 anos”.

Ele estuda, trabalha, ajuda em casa e diz que torce para chegar as quintas-feiras, quando vai ao haras. “É um momento maravilhoso”, resume.

A fisioterapeuta explica que esse tipo de progresso é possível, pois o cavalo faz um movimento tridimensional com os alunos e manda de uma só vez dois mil ajustes tônicos para o sistema nervoso central do praticante.

“Isso contribui para a melhora do equilíbrio, postura, fortalecimento muscular, socialização e outros”. Além dela, os alunos são acompanhados por uma fonoaudióloga, por uma psicóloga e por um equitador.

No Haras Twin Brothers em Cuiabá, onde Erik faz equoterapia, cerca de 200 crianças são atendidas mensalmente no projeto. São aulas de pelo menos 30 minutos, uma vez na semana.

Boa parte dos alunos vêm das secretarias municipais de Educação e de Assistência Social. Também há crianças sob tutela do Estado, vindas do Lar da Criança. E há ainda outras de baixa renda, atendidas por meio de parceria entre o Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) e Associação dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM).

Ednilson Aguiar

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A fisioterapeuta Taiane Caldeira do Amaral, vibra com cada avanço dos seus alunos

Alice da Silva, 6 anos, é outra aluna bastante aplicada que não esconde a alegria em participar das aulas. Ela costuma abrir largos sorrisos logo que sobe no cavalo “Sol”, conta a mãe, Kellen Carlos da Silva. “É a única terapia que ela gosta”.

Dos avanços, a mãe comenta que logo nas primeiras semanas de aula, a pequena Alice conseguiu controlar melhor a cabeça e passou a ter mais interação com pessoas e animais. “É realmente incrível”.

Quem também não perde uma aula é Luiz Otávio, 4 anos. Ele passou por uma desnutrição severa e luta para sair da cadeira de rodas, retomando os movimentos e força nas pernas e pés.

À reportagem, o pequeno revelou que sua égua favorita é a Estrela, mas que não iria montar nela, pois o animal estava com uma pata machucada.

“São essas pequenas interações que fazem todo o tratamento valer a pena”, comenta a fisioterapeuta, que há 12 anos atua na atividade. “A resposta dos alunos vem mais rápida, e isso aqui é a minha terapia”, finaliza.

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Mais informações pelo telefone (65) 3664-1800

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