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Entrada de Cáceres: obra de R$ 800 mil foi entregue e deteriorada antes de ser usada

Erros no projeto, brigas na Justiça e uma invasão do MST marcaram a história do que deveria ser um ponto turístico

4 minutos de leitura
Entrada de Cáceres: obra de R$ 800 mil foi entregue e deteriorada antes de ser usada
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

O Portal Turístico de Cáceres (215 km de Cuiabá) deveria ser um ponto de parada para os turistas interessados em conhecer o Pantanal mato-grossense. Hoje, porém, não passa de uma carcaça de tijolos, coberta com metais retorcidos, mato e restos da passagem de andarilhos e usuários de drogas.

Construída durante a gestão do governador Blairo Maggi e entregue em 2004 à população, a obra custou R$ 800 mil e nunca foi usada para serviços públicos, mesmo tendo condições para tal.

Banheiros, cozinha, lanchonete, bem como espaço para lojas e atendimentos foram contemplados no projeto, que fica às margens da BR-070, na entrada do município.

Portal fica colado com a rodovia e dentro da faixa de domínio do Dnit (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Prefeito de Cáceres, Fracis Maris Cruz explica que os problemas começaram no projeto do pórtico. Ele foi edificado dentro da faixa de domínio do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), ou seja, dentro da faixa de segurança da estrada.

Uma falta de perícia que custou muito para o poder público, tendo em vista que o Dnit queria que a estrutura fosse derrubada por se tratar de uma invasão.

Nesse cenário, enquanto aconteciam as negociações nas esferas jurídicas e administrativa, a obra permaneceu pronta, contudo, sem autorização para o funcionamento.

No ano passado, lembra o prefeito, houve mais um problema: integrantes do Movimento Sem Terra (MST) invadiram o local para formar acampamento e saquearam tudo que tinha algum valor.

Nem sequer as janelas resistiram a ação dos vândalos, que destruíram tudo (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

O objetivo do grupo era tomar conta de uma fazenda que fica atrás do pórtico, mas a ação foi dissipada depois que o proprietário da área conseguiu a reintegração de posse na Justiça.

Na decisão, o magistrado determinou ainda que o MST deveria ficar distante da área. E o raio de proteção abarcou o pórtico, que ficou livre dos ocupantes, mas totalmente depredado.

Solução a vista

Cruz diz que a prefeitura conseguiu a autorização do Dnit para usar o prédio, no entanto, precisa que o governo do Estado, dono do espaço, faça a cessão de uso do imóvel.

Prefeito  Francis Cruz acredita que a solução é montar um restaurante para os viajantes(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Ele quer ainda que o prédio seja entregue reformado, uma vez que o Município não tem como custear o que seria uma reconstrução da unidade.

Quanto ao uso, a ideia é que seja um ponto de parada para viajantes e não mais com foco único nos turistas.

O prefeito acredita que o ideal é abrir uma concorrência pública para interessados em montar ali um restaurante, lanchonetes e também um espaço para a comercialização de artigos regionais.

O que pensa quem passa por lá?

Osmar Maia sempre passa pelo local e nunca o viu funcionando (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

O caminhoneiro Osmar Maia, 44, faz a mesma rota há 10 anos e sempre passa pelo local. Ele conta que nunca presenciou nenhuma atividade no ambiente, mas acompanhou a deterioração do prédio.

“A gente fica aborrecido porque é um exemplo do descaso com o dinheiro público. Dinheiro do povo jogado fora”, desabafa.

O que diz o governo do Estado?

A reportagem do LIVRE tentou contato com a assessoria de Comunicação do governo de Mato Grosso, mas até a publicação dessa reportagem não houve retorno sobre o assunto.

O espaço permanece aberto para manifestações.

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