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Engraxate: o ofício que resiste ao tempo na Praça da República

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Engraxate: o ofício que resiste ao tempo na Praça da República
(Foto: Suellen Pessetto/ O Livre)

Marciano Ribeiro, 29, é um dos engraxates que resistem às mudanças de comportamento e consumo da população em Cuiabá. Trabalha há 20 anos na Praça da República, onde outros dois profissionais atuam, e não vê perspectiva de voltar ao mercado formal, por onde já passou.

Ele diz que dificilmente ganharia de carteira assinada o que ganha trabalhando na rua. Isso sem contar a liberdade de horários pertinente às atividades autônomas.

Diariamente, Marciano engraxa cerca de 20 calçados e os valores cobrados variam entre R$ 5 e R$ 30. O preço é calculado conforme a situação do sapato. Os que precisam de pintura e pequenos reparos ficam mais caros.

“É lógico que eu faço mais serviços. Guardo e lavo carros e motos. Sou manobrista e faço transporte de passageiros com meu carro particular, quando dá. Daqui na Rodoviária eu cobro R$ 15”.

Apesar de não dizer quanto ganha por mês, Marciano conta com orgulho que comprou carro do ano e tem a casa que mora e uma outra, para aluguel. Ainda relata que o dinheiro é suficiente para dar uma boa vida para a família, principalmente às filhas.

Segundo ele, o número de engraxates na cidade reduziu muito nos últimos anos. Na sua conta, pelo menos 80% dos profissionais abandonaram a atividade. “Mas quem soube trabalhar, ficou”.

Wildson Fagundes tem 57 anos e sempre usa os serviços de engraxate na praça (Foto: Suellen Pessetto/ O Livre)

Os clientes

Enquanto toma um café com bolo de arroz, o pintor Wildson Fagundes, 57 anos, engraxa os sapatos. Ele não é do tipo cliente fiel, mas sempre que passa pelo local não recusa a proposta de Marciano.

Quando era criança, Widson via os tios e irmão mais velhos irem ao centro engraxar sapatos para ganhar dinheiro. O que recebiam servia para comprar coisas pessoais e ajudar em casa.

“Naquela época era mais comum. Acho que porque era preciso ter zelo pelo sapato. Era muito difícil comprar outro. Nós eramos pequenos e uma vez por ano ganhávamos uma roupa nova e os sapatos”.

Widson acredita que sempre haverá espaço para esse tipo de serviço, mesmo com o passar do tempo. “É um jeito de ganhar um dinheiro honesto e estar com os sapatos limpos. Nos deixa até mais felizes”.

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