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Enem digital: estrutura tecnológica das escolas públicas de MT preocupa professores

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Enem digital: estrutura tecnológica das escolas públicas de MT preocupa professores
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

O Governo de Mato Grosso diz que “quase 100% das 767 escolas da rede estadual possuem laboratório de informática, beneficiando quase 394 mil alunos”. O Sindicado dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep/MT), por sua vez, afirma que a estrutura tecnológica de computadores e internet não funciona na maioria das unidades.

A questão foi levantada pela reportagem do LIVRE diante das discussões sobre os benefícios e desafios do novo Enem, anunciado pela Ministério da Educação (MEC) na quinta-feira (3). Conforme o MEC, a aplicação da prova será 100% digital até 2026.

O novo formato já vai valer como projeto-piloto no Enem 2020 em 5 capitais; Cuiabá é uma delas. Segundo a Secretaria do Estado de Educação (Seduc), a estrutura tecnológica para realização da prova será de responsabilidade do MEC, que continuará utilizando as escolas do Estado como locais de prova.

Para o governo federal, a digitalização do Enem possibilitará economia na impressão de provas, preservação ambiental e rapidez na correção. Educadores se preocupam, no entanto, com as desigualdades educacionais no Brasil.

“Nós entendemos que o dinheiro público tem que ser bem investido. Toda mudança é louvável e a tecnologia está aí para atender as demandas e novidades. Não vejo que a nossa juventude terá problema. O que nos preocupa são as estruturas das nossas escolas”, afirma a secretária de Políticas Educacionais do Sintep/MT, Guellda Andrade.

(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Realidade mato-grossense

“A internet no Estado é muito ruim e em algumas regiões ela nem chega. Muitas vezes, o professor projeta uma aula e tem que mudar ela totalmente, porque naquele dia a internet não funcionou. Então, eu não sei como um exame nacional vai se tornar 100% digital ao longo do tempo. Acho que quando o presidente do Inep afirma isso, ele desconhece a realidade de muitas regiões do país”, questiona Guellda.

Estatísticas do Censo Escolar 2018, revelam que uma em cada cinco escolas públicas de ensino médio de todo país – ou seja, 20% delas – não têm internet banda larga e 17,9% não possuem nenhum laboratório. Conforme dados da último PNAD do IBGE, 1,526 milhão de pessoas tinham acesso à internet em Mato Grosso, o equivalente a menos da metade da população do total do Estado na época.

Questionada pela reportagem sobre o acesso à internet nas escolas estaduais, a Secretaria do Estado de Educação (Seduc) não apresentou dados exatos. Justificou que “a própria escola tem autonomia para contratar os serviços de internet”. Ainda segundo a Pasta, as unidades recebem dois repasses anuais no valor total de R$ 2.643.235,20 para custear o serviço.

De acordo com o governo do Estado, os laboratórios das escolas são equipados pela Seduc, que faz a substituição ou reposição de alguns computadores conforme a necessidade de cada unidade educacional. “As escolas também recebem repasse por meio do PPP para custeio e capital, sendo que os recursos para capital podem ser utilizados para adquirir equipamentos como computadores e impressoras”, diz trecho de uma nota enviada à reportagem.

Questionada sobre a média de computadores disponíveis nas unidades, a Seduc informou que não possui um levantamento exato e que “a quantidade de computadores nas unidades depende do número de alunos”.

Professores da rede estadual de ensino estão em greve há mais de um mês (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Ações de inclusão digital

Para o Sintep, a realidade vivenciada pelos professores da rede estadual está longe do que pretende o MEC com a aplicação do Enem 100% digital.

“Defendemos que nenhum candidato tenha prejuízo e que as pessoas tenham condição de acesso para que haja sucesso nesse projeto. O que eu duvido muito, conhecendo Mato Grosso como conhecemos, vivenciando a sala de aula, na estrada e na luta pelas condições dessas escolas”.

Já a Seduc informou que trabalha a inclusão digital na rede estadual do ensino unindo biblioteca e laboratório de informática num mesmo ambiente escolar, através da “Biblioteca Integradora”.

“[O projeto] tem o propósito de dinamizar e reestruturar os processos de construção de conhecimento mediados pelas ações de um técnico, utilizando de recursos tecnológicos, auxiliando os professores e estudantes no processo de apropriação e integração dos saberes construídos em sala de aula”, afirmou a secretaria em nota.

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