Em seu depoimento à CPI da Sonegação Fiscal instalada na Assembleia Legislativa, o economista e delator na Lava Jato Lúcio Funaro afirmou que, sem incentivo fiscal ou a própria sonegação de impostos, atuar no ramo dos frigoríficos em Mato Grosso é investir em um negócio no qual a “conta não fecha”.
O depoimento de Funaro foi a portas fechadas, mas a reportagem do LIVRE teve acesso a áudios do que foi perguntado e respondido durante a sessão.
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No caso da JBS, Funaro disse que nunca participou de negociatas sobre os incentivos que a empresa recebia do governo de Mato Grosso, porque havia um interlocutor próprio para isso: o empresário Fernando Mendonça.
“Mas eu sabia que existia esse tipo de renúncia fiscal, assim como compensação fiscal com precatórios e outros tipos de títulos”, ele disse e completou: “ficou claro para mim que, se você chamar 10 ou 12 frigoríficos, 10 vão te falar que é um negócio que, sem renúncia fiscal, um planejamento tributário ou com a própria sonegação, a conta não fecha”.
E quando nada disso era suficiente, segundo Funaro, os executivos da JBS o procuravam para intermediar uma solução mais acima. “Queriam eu interferisse junto ao deputado Eduardo Cunha [ex-presidente da Câmara Federal] para ter benefícios de uma lei federal, que se sobrepunha a alguma lei estadual”.