Consumo

Em Mato Grosso, cooperativas de crédito já atraíram 17% da população

Banco Central estima que, até 2025, as cooperativas sejam responsáveis por 25% do estoque de empréstimos e financiamentos no Brasil

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Em Mato Grosso, cooperativas de crédito já atraíram 17% da população

Dezessete por cento da população de Mato Grosso é membro de uma cooperativa de crédito. De acordo com dados do Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso – Sistema OCB/MT -, o número total de cooperados no Estado chega a 632.965, enquanto o de habitantes é de 3.567.234, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No dia 21 de outubro, comemora-se o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito, um modelo que avança exponencialmente no mercado financeiro e que tem grande capilaridade tanto em relação à distribuição geográfica como ao número e tipos de negócios. Hoje, as cooperativas representam 10,74% do estoque de empréstimos e financiamentos no Brasil e a meta do Banco Central é que chegue até 2025 com 20% do bolo.

Uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra que o cooperativismo incrementa do Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, além de ampliar o número de trabalhos formais em 6,2% e ainda o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%.

No trabalho, os especialistas comparam o cenário econômico de cidades que não tinham e as que tinham cooperativas em 23 anos (1994-2017). O presidente do Conselho de Administração do Sicoob de Primavera do Leste, Edson Luiz Dapper, atribui os números aos avanços na administração das unidades e o relacionamento próximo entre cooperativa e cooperado, independente do porte financeiro.

Presidente do Conselho de Administração do Sicoob de Primavera do Leste, Edson Luiz Dapper. Foto: (Divulgação/Assessoria)

“Temos um trabalho mais presente no agro por conta da aptidão financeira dos municípios que atuamos. Então, estamos acompanhando de perto as variações de câmbio e alta de preços e como impactam nos negócios dos grandes proprietários e dos agricultores familiares. Ainda mantemos uma atenção sobre os associados, pessoas físicas. Nos solidarizamos com a situação dos que passam dificuldades porque queremos que o cooperado viva bem dentro da cooperativa e fora ela”, afirma.

Atualmente, o Sicoob Primavera do Leste tem atualmente 13 mil cooperados e está nos municípios de Primavera do Lesta, Campo Verde, Jaciara, Canarana e Paranatinga. Contudo, tem planos para expandir para Dom Aquino e Poxoréu.

Ir onde os bancos não vão

Em 42 cidades de Mato Grosso, as cooperativas são a única instituição financeira com unidade física para atendimento. O presidente do Sicredi Ouro Verde, Eledir Pedro Techio, diz que isso acontece porque a abertura de agências pode envolver dois objetivos, o resultado econômico e o resultado social.

“Nossa missão é atuar em prol de uma sociedade próspera e a presença da agência na cidade é de suma importância, principalmente para os pequenos comerciantes e pessoas físicas. Temos números que comprovam o desenvolvimento alcançado”, explica.

Techio lembra que Mato Grosso já tem cases de sucesso em relação ao desenvolvimento a partir da presença da cooperativa de crédito. Entre eles está Lucas do Rio Verde, onde existem agências de vários bancos. Porém, cerca de 45% da cidade é fiel à cooperativa de crédito.

Presidente do Sicredi Ouro Verde, Eledir Pedro Techio. Foto: (Divulgação/Assessoria)

E, ao mesmo tempo que existem exemplos em cidades no auge da prosperidade, Techio lembra que outros municípios ainda estão caminhando, como é o caso de Alto Paraguai, uma cidade que está entre os piores Índices de Desenvolvimento Humano do Estado (IDH).

“Lá as pessoas precisavam ir para outra cidade receber benefícios, auxílios e salários. Então, tinham que pagar pela passagem, que chegava a R$ 100, e ainda deixavam parte do dinheiro em compras no município vizinho. Agora, os comerciantes da cidade aumentaram as vendas e as pessoas que moram lá têm mais dinheiro no bolso”, esclarece.

Vale lembrar que um estudo feito pelo especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico, Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) mostra que os bancos tradicionais têm em média um limite mínimo de oito mil habitantes para abrir uma agência, uma cooperativa de crédito tem capacidade de abertura em municípios a partir de 2,3 mil habitantes.

Acorizal: cooperativismo de crédito e agricultura familiar

Foram mais de dois de luta, entre reivindicações e ações para a agência do Sicredi definitivamente chegar a Acorizal (70 km de Cuiabá). O funcionário da Empaer e cooperado, Pedro Carlos Carlotto, diz que não existia nenhuma instituição financeira na cidade, que vive basicamente da agricultura familiar, setor que não desperta o interesse dos grandes bancos.

“A inclusão foi uma das primeiras mudanças. Aqui, nós lidamos com pessoas carentes e idosos. Muitos têm pouca escolaridade ou não têm acesso a tecnologia, que é algo caro. Então, é difícil falar de aplicativos ou internet. Eles preferem entrar e falar direto com o gerente”, relata.

Com mais de cinco anos no local, a cooperativa de crédito já coleciona narrativas de sucesso, afirma o servidor público. As proporções do investimento não são grandes, mas permitem grandes transformações.

“São mudas, matrizes e recursos para pequenos investimentos na terra. Recursos que dificilmente seriam ofertados pelos bancos por conta da proporção e também da falta de regularização fundiária na região”, argumenta.

Funcionário da Empaer e cooperado do Sicredi em Acorizal, Pedro Carlos Carlotto. Foto: (Divulgação/Assessoria)

Carlotto explica que a região tem muito problema documental, porém os sítios são produtivos. Enquanto os bancos veem apenas o “CPF” da pessoa, a cooperativa tem uma relação mais estreita com o cooperado e tem como fazer a avaliação de outra forma.
Agora, o técnico acredita que o próximo passo é construir um comportamento cooperativista entre os moradores do local e expandir para outros setores além do crédito.

Ele acredita que o melhor caminho seria pela educação desde as primeiras séries escolares.
Na avaliação de Carlotto, toda a região da Bacia do Cuiabá tem um grande potencial para a produção de frutas, verduras e legumes, que facilmente seriam absorvidos pelo mercado, que importa quase tudo.

Sobre o Sistema OCB/MT – A Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso – Sistema OCB/MT – é uma entidade formada por 3 instituições que fazem papéis distintos e ao mesmo tempo interligados, focados no suporte às cooperativas: OCB/MT – Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso; Sescoop/MT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Mato Grosso; e o I.Coop – Faculdade de Cooperativismo.

(com informações da Assessoria)

 

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