A exploração de minérios expande em Mato Grosso deixando um campo minado para trás para o Fisco por indícios de criminalidade. Em 2019 e 2020 o setor gerou R$ 7,1 bilhões e continua em crescimento.
A expansão é ilustrada pela marca alcançada no ano passado de território com a maior quantidade de requisição para a exploração do solo. O leque de produtos vai de ouro e diamante a fosfato, zinco e calcário.
Mas, o escoamento pode ser bem maior que isso. A febre dos minérios atraiu as atividades informais e má-formadas de garimpos que aparecem, literalmente, com bastante frequência no solo.
O geólogo Antônio João Paes de Barros, membro da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), diz que a exploração de minérios pode estar sendo usada para lavagem de dinheiro e é difícil obter informações sobre essas atividades.
A situação novamente pode ser ilustrada por um caso. A companhia diz não ter registro de garimpo em Figueirópolis D´Oeste (406 km de Cuiabá), mas no ranking nacional de mineração, o município aparece com “produção forte” há pelo menos dois anos.
“São essas coisas que chamam atenção. Não conheço nenhuma atividade mineral nessa região, mas alguém está declarando. Pode haver uma permissão de lavra garimpeira que não conheço. A produção forte na região começou a aparecer em 2019. É difícil fiscalizar porque existem muitos garimpos, por isso fica difícil saber quanto foi gerado na região”, disse o geólogo em audiência à CPI da Sonegação e Renúncia Fiscal da Assembleia Legislativa.
A estimativa é que 10 mil garimpos estejam em atividade em Mato Grosso.
Produção
Conforme a Metamat, o valor da exploração mineral em Mato Grosso varia hoje entre 1,2 e 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2020, houve um salto para quase 3%, impulsionado pela alta do preço do ouro e do calcário, que representam 85% do valor da produção.
O mercado pode expandir e ter novos protagonistas com licenciamento de novas explorações. Mato Grosso tem, por exemplo, o maior depósito de zinco do Brasil, em Aripuanã (1.050 km de Cuiabá). Outros minerais com potencial são o níquel e o fosfato.