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Em dois anos, quase 370 crianças e adolescentes foram adotados em MT

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Em dois anos, quase 370 crianças e adolescentes foram adotados em MT
Foto: Divulgação/TJMT

Em dois anos, 369 crianças e adolescentes saíram de instituições de acolhimento em Mato Grosso e voltaram para as famílias de origem (mãe e/ou pai biológico) ou ganharam novos lares, por vezes, as casas de parentes e, em outros casos, foram adotadas. Dessas, 30 são crianças com mais de cinco anos, e que fazem parte do grupo das chamadas adoções tardias.

Os dados são da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) e motivo de comemoração pela juíza auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Edleuza Zorgetti Monteiro da Silva. Na avaliação dela, o número de adoções só não foi maior porque a maioria dos interessados preferem crianças com menos de cinco anos.

De acordo com a magistrada, Mato Grosso possui 915 pessoas habilitadas para adotar e 82 crianças e adolescentes aguardando uma família. Elas estão em 80 casas abrigos, mantidas pelo Estado ou instituições privadas localizadas em 65 Comarcas. A maioria delas tem idades entre 13 e 17 anos. “O maior impedimento não é cor, raça, sexo ou alguma deficiência, mas a idade”, cita Edleuza.

A juíza informa que a Ceja mantém o programa Adotar é Legal e outras quatro frentes de trabalho que envolvem crianças e adolescentes – Programa Padrinhos, Audiências Concentradas, Entrega Legal e Pai Presente – e, em 2019, deve implantar mais dois: o “Busca Ativa” e o “Família Acolhedora”, ambos tendo como público as crianças acolhidas com mais de cinco anos.

Secretária-geral da Ceja, Elaine Zorgetti, explica que o Busca Ativa, por exemplo, deve procurar as pessoas inscritas no Cadastrado Nacional de Adoção (CNA) para apresentar crianças, ainda que elas tenham um perfil diferente da preferência dos interessados em adotar.

[featured_paragraph]“Queremos que as crianças fiquem no nosso Estado, mas se não houver pretendentes habilitados para adoção em Mato Grosso vamos buscar pretendentes em todo o Brasil”, afirma. “Queremos dar uma família a essas crianças e adolescentes de difícil inserção, como as com mais de 10 anos, com alguma deficiência física ou mental”, completa.[/featured_paragraph]

Elaine explica que para preservar a identidade das crianças e adolescentes, serão disponibilizados no site da Ceja apenas dados gerais como nome abreviado, idade, características físicas, condições de saúde e uma mensagem de apresentação do próprio acolhido. “Se algum pretendente tiver interesse em informações adicionais sobre a criança, vamos fornecer a foto e situação processual”, revela.

Já o projeto Família Acolhedora precisa da parceria com as prefeituras para funcionar. A ideia é cadastrar famílias que possam ficar com a criança até que ela encontre um lar definitivo. Para isso, as famílias receberiam uma bonificação. O programa já está implantado em Alta Floresta, Vera e Itiquira.

Cadastro Nacional de Adoção

A secretária da Ceja reforça que, hoje, qualquer pessoa pode adotar uma criança ou adolescente, mas é preciso estar devidamente inscrito no Cadastro Nacional de Adoção. “Quem deseja adotar, deve procurar a Vara da Criança e Juventude do seu domicílio. Lá, vai preencher uma ficha, colocar seus dados e anexar a documentação necessária para ingressar com pedido de adoção e habilitação”, ensina Elaine.

A juíza Edleuza destaca que a primeira opção sempre é devolver a criança à família original. Não sendo possível, procura-se um parente. Só quando não há chance de reinserção é que a criança vai para adoção. Neste caso, o Ministério Público Estadual (MPE) entra com o processo de destituição do poder familiar, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Encontrar o filho

Para os que pretendem adotar, a espera pode ser agonizante, mas quando chega a vez de conhecer o filho, tudo vale a pena. A jornalista Keka Werneck e o marido, também jornalista, Márcio Camilo, passaram pela experiência há 4 meses. Após cinco anos na fila, conheceram João, hoje com 1 ano e 4 meses. “Quando fomos conhecer ele no abrigo, foi uma emoção inexplicável”, conta Keka.

Keka tem uma filha biológica de 18 anos, fruto do primeiro casamento, mas sempre quis adotar. Após o divórcio, o sonho ficou adormecido. Ela conheceu o atual marido e engravidou, porém, perdeu o bebê no sexto mês de gestação. Foi aí que vontade de adotar reapareceu. Ela e Márcio  decidiram fazer o curso da Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara) e se habilitaram para a adoção.

[featured_paragraph]“Coloquei na ficha que queria uma criança pequena e fiquei cinco anos na fila de espera”, reconhece. “Quando ligaram para gente, foi uma surpresa, nem estava mais esperando”, admite.[/featured_paragraph]

Keka e Márcio eram o nono casal a receber a ligação para conhecer João. “Meu filho é cego de um olho, devido a negligencia da mãe biológica. Acredito que, por conta disso, os outros casais não quiseram conhecer ele”, avalia. “Quando ouvi isso, pensei: ‘nossa, meu filho está passando tanta dificuldade, ele precisa de mim, tenho que ir lá’”.

O casal ainda ficou uma semana visitando o menino no abrigo, deu entrada nos papéis e, no dia 6 de setembro, puderam levá-lo para casa. “A adaptação foi rápida. Estamos muito felizes. Toda minha família e amigos estão envolvidos. É como se ele sempre estivesse aqui com a gente. Não tem estranhamento. Só amor, uma coisa muito boa”.

(Com assessoria)

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