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Em Cuiabá, o rock tem presente, passado e futuro

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Em Cuiabá, o rock tem presente, passado e futuro

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Na terra do sertanejo universitário, o rock’n’roll tem presente, passado e futuro. O gênero surgiu em Cuiabá na década de 1960, com Jacildo e Seus Rapazes seguindo o tom da época, o “iê-iê-iê” dos Beatles. Já na década de 1980, a Caximir trouxe a transgressão, inclusive aos limites da música, quando incluíram poesia, artes plásticas e performances visuais no palco. Nos anos 2000, a cena foi marcada pelo som da Vanguart, Macaco Bong, Strauss e demais. Mais recentemente, com artistas como Ponto Seis, Billy Spíndola e outros, o gênero segue vivo apesar dos altos e baixos.

Nesta quinta-feira (13), é comemorado no país o Dia Mundial do Rock, data que teve início em 1985 e segue servindo para celebrar a identidade da música. Para homenagear a data, O LIVRE elaborou também uma lista com as cinco músicas que marcaram o gênero no Estado.

O guitarrista Ricardo Sardinha, responsável pelos riffs da Strauss, destaca a característica própria dos grupos que produzem rock em Mato Grosso. “A gente já teve a felicidade de gravar a viola de cocho, em 1997, junto com o rock em nosso segundo CD. Tem viola de cocho, tem guitarra, tem ganzá, tem mocho, tem todos esses elementos culturais que são exclusivos daqui”, afirma Sardinha. “Não foi intencional, foi uma coisa que aconteceu, mas nunca mais nos livramos disso aí”.

O ano de 1997 também marcou a consagração da Strauss como uma das primeiras bandas de rock de Mato Grosso a colocar os pés fora do Estado. Naquele ano, o grupo foi selecionado para participar do festival Skol Rock, em São Paulo, ao lado de grandes nomes do rock nacional. De lá para cá, a banda lançou três discos e atualmente prepara as canções de seu quarto trabalho, sem previsão de lançamento.

Ednilson Aguiar/O Livre

Dia Mundial do Rock

Ricardo Sardinha é guitarrista da Strauss, em atividade desde a década de 1990

Mau ou bom moço?
A fama de “mau” do típico roqueiro, muito ligada ao combo ‘sexo, drogas e rock ‘n roll’ e às gangues de motociclistas, já parece ter se desfeito. Mesmo acreditando que parte do espírito se mantém, o guitarrista da Strauss diz que a coisa não é bem por aí. “Acho que tem o lance da transgressão do rock’n’roll que está encruada, mas esse negócio de ser bandido… Rita Lee, né? ‘O roqueiro brasileiro tem cara de bandido’. Mas não é. Hoje está super bom moço”, diz.

O produtor cultural Cristiano Nakazato, o “Koringa”, concorda. Para ele, o rock “é liberdade, é sonorização, é a música bem feita e o que você tem de melhor dentro de você”. “O roqueiro só tem cara de mau, mas não é”, completa o produtor.

Koringa é organizador do Dia Mundial do Rock, um festival que acontece anualmente em Cuiabá desde 2013. Nesta quinta edição, ele reúne 18 bandas na Casa Velha, localizada no Porto em Cuiabá. O evento ainda terá bazar, feirinha de antiguidades, exposição de carros e motos usados, tudo no sábado (15) e domingo (16).

Ednilson Aguiar/O Livre

Dia Mundial do Rock

Koringa é produtor do festival Dia Mundial do Rock, que chega a sua quinta edição em 2017

Na atividade
Um dos grupos que tem se mantido ativo em Cuiabá nos últimos anos é o Sr. Infame, fundado em 2007, liderado pelo vocalista Jomar Brittes. Hoje, fazem parte da formação também o baixista Aldivan “Jacaré”, o baterista Maicol Fernando e o guitarrista Murilo Reis. Com um EP (disco com cinco faixas) lançado em 2015, o grupo faz um som próximo ao hard/rock e ao heavy metal, com sonoridade e estética roqueira.

Apesar estar em atividade, eles queriam mais. “O rock em Cuiabá já teve seus momentos legais, já teve vários grandes eventos, bandas autorais de vários estilos que já aconteceram. Acho que agora o que acontece muito é que as bandas estão com menos iniciativa. Tem shows, mas não com tanta frequência como deveria”, reclama Jomar.

Ednilson Aguiar/O Livre

Dia Mundial do Rock

Sr. Infame é uma das bandas em atividade hoje na cidade

Algumas casas de shows em Cuiabá tocam rock, porém, para as bandas autorais, os espaços são limitados. Em boa parte das vezes, os grupos se apresentam em eventos organizados por eles e em algumas noites direcionadas em bares como Malcom Pub, Casa Velha, Kartell, Cavernas Bar e outros.

O Cavernas, aliás, é um ícone que se mantém na cena underground, aquela de rock mais cru e casas de shows rústicas. O Cachorrão, como é conhecido o homem batizado como Valdivino Vilas Boas, mantém o local aberto desde 2004 com shows de artistas locais e também nacionais. O bar teve um início marcado pelas bandas de metal, gênero preferido do dono, mas, com o passar dos anos, alargou seus conceitos para incluir ritmos menos pesados.

Ao ser questionado sobre a importância do gênero musical em sua vida, Cachorrão se limita apenas a dizer: “O rock é minha vida, e minha vida é o rock”.

Talentos exportados
A cena roqueira de Cuiabá também já exportou alguns talentos para o restante do país. O caso mais significativo é o da banda Vanguart, que começou a tocar no circuito de festivais Fora do Eixo, articulado por todo o país durante os anos 2000, e mudou-se para São Paulo em 2007.

Atualmente com contrato com a gravadora Deck Disc, o grupo liderado por Helio Flanders lançou “Beijo Estranho”, seu quarto álbum de estúdio, em abril deste ano e segue uma carreira cheia de grandes momentos.

Outra que rodou o mesmo circuito foi a Macaco Bong, banda de música instrumental com pegada roqueira. Depois de viajar por todo o Brasil e também por países como Canadá e Espanha, o grupo passou por mudanças e atualmente apenas o guitarrista Bruno Kayapy segue no projeto. Ele prepara atualmente um novo disco com releituras do álbum Nevermind, do grupo americano Nirvana.

Data comemorativa
O Dia Mundial do Rock surgiu devido ao evento Live Aid, em 1985. Diversos artistas do rock mundial como Queen, David Bowie, U2, Elton John, B.B. King, Bob Dylan e Phill Collins fizeram shows na Inglaterra, nos Estados Unidos, no Japão e na Australia.

O objetivo dos eventos foi arrecadar dinheiro para a fome na Etiópia. Partiu de Collins o pedido para que a data passasse a ser celebrada em todo o mundo anualmente. Em grande medida, ele não foi atendido, mas no Brasil, graças ao trabalho de duas rádios paulistas que passaram a utilizar a data comemorativa, o Dia Mundial do Rock se tornou uma espécie de tradição entre os roqueiros.

Comemoração em Cuiabá
Nesta quinta-feira (13), a Cervejaria Louvada realiza seu happy hour já tradicional, que acontece uma vez por mês. Nesta edição, a data coincidiu com a comemoração do Dia Mundial do Rock, e por isso o evento será temático. O Happy Louvada Rock terá apresentação da Banda Contra Ataque, comidas do Bagualito e do Barba, grelha e bigode a partir das 17h com entrada gratuita e, claro, os chopps da Louvada. A cervejaria fica na Av. das Torres, 478 – Jardim Imperial II, Cuiabá – MT.

No sábado (15) e no domingo (16), o já tradicional Festival do Dia Mundial do Rock. Em sua quinta edição, o evento acontece desta vez no espaço Casa Velha, localizado na Avenida Mário Corrêa 514, no bairro do Porto. Ao todo, 18 bandas se apresentam no festival: Skarros, Zortin, Ruídos de Horror, Suco Gástrico, Zumbi Suicida, Lord Crossroads, Cães de Aluguel, Coronela, Rhox, Desheróis, Bisnaga na Cacunda, Vintage, Ato Reverso, Malevah, Coregreer, Mob Rules, Irapuwene e Hottel Casablanca. O evento ainda conta com bazar, feirinha de antiguidades, exposição de carros e motos usados. A entrada é gratuita.

Também no sábado, o Bar do Bigode, na Praça da Mandioca, recebe um evento temático para o Dia Mundial do Rock. A partir das 22h, as bandas Cinema de Pedra, O Mormaço Severino, Augusto Krebs (A.K.), Caio B, Pedro Pires e Os Xícaras (PPX) e Zumbi Suicida se apresentam por lá. A entrada custa R$ 10.

Para quem quer uma opção mais tranquila, o restaurante Rock Burguer também comemora a data. O local, que já celebra o gênero diariamente, terá shows nesta quinta, sexta e sábado: banda Ponto Seis, André Prado e Thiago Maia, respectivamente. O Rock Burguer abre às 20h30 e tem chopp em dobro durante toda a noite.

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