Um índice preocupante: os números de suicídios em Cuiabá aumentaram 108,3% entre 2018 e 2019. Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT), os casos saltaram de 24, em 2018, para 50 registros no ano passado.
Isso significa que, por mês, quatro pessoas tiram a própria vida na Capital.
Os dados estaduais também tiveram crescimento o mesmo período. Os registros subiram de 207 para 254, o que representa um aumento de 22,7%.
Quer dizer que, a cada um dia e meio, uma pessoa morreu por suicídio em Mato Grosso.
No mundo, os dados são ainda mais alarmantes: uma pessoa se mata a cada 40 segundos.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) trabalha com a prevenção desses casos.
“O que nós percebemos é um aumento também na procura pelo serviço que prestamos”, explica a engenheira, Isaura Titon, voluntária da instituição há 13 anos.
O CVV funciona como uma rede de apoio. Em Cuiabá, a entidade conta com 50 voluntários. Quem está propenso ao suicídio pode encontrar nessas pessoas apoio e suporte.
A primeira fase, segundo Isaura, é a aceitação. As principais queixas são de sensação de solidão e superficialidade das relações.
Já os sintomas comportamentais são: isolamento, depressão, desinteresse, mudanças na alimentação e sono desregulado.
Salvando vidas
Dizem que o CVV é um projeto salvador de vidas. “Mas não somos nós que salvamos. É uma escolha da própria pessoa. O que oferecemos é uma oportunidade para conversar, aliviar a crise, a pressão”, explica Isaura.
Quem é voluntário, primeiro tem que ter boa vontade. Depois disso, estar aberto a ouvir sem julgamento, sem direcionamento. É a chamada “escuta empática”.
“Não fazemos substituição de terapia com profissionais. Nosso serviço é um apoio no chamado Pronto Socorro emocional”.
A instituição recebe ligações de todo o Brasil pelo número 188.
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Outras ações
Outros projetos do CVV incluem atividades oferecidas presencialmente em comunidades. Uma tentativa que as pessoas tenham mais compreensão umas com as outras.
Entre as atividades estão o Cine Ser, que conta com a exibição de filmes com comentários e reflexões; encontros para reflexão e troca de experiências no Caminho de Renovação Contínua (CRC) e o Grupo de Apoio aos Sobrevivente de Suicídio (GASS), destinado a pessoas próximas de alguém que cometeu ou que tentou o suicídio.
O Escuta no Parque também é uma rede de apoio para quem precisa. Uma vez por mês, um grupo de psicólogos tem realizado um plantão gratuito na praça central do Parque Mãe Bonifácia. A ideia é ouvir um desabafo e até mesmo atender um pedido de ajuda. A conversa pode durar até 40 minutos.
O próximo encontro acontece no dia 8 de março. Em seguida, o projeto volta nos dias 05/04, 17/05 e 14/06. As datas dos meses seguintes ainda devem ser divulgadas.