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Em 2020, MT mais abriu do que fechou empresas, mas lojas físicas perderam espaço

No Centro de Cuiabá, anúncios de "aluga-se" e "vende-se" dominam as portas fechadas. Mas o comércio segue firme pela internet

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Em 2020, MT mais abriu do que fechou empresas, mas lojas físicas perderam espaço
Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

Ao contrário do que era de se esperar, Mato Grosso registrou aumento na abertura de novas empresas no ano passado. Se comparado a 2019, o aumento percentual foi de 5,11%. Isso significa que, ao todo, quase três mil negócios iniciaram as atividades em um ano marcado pela crise e a restrição de circulação, o que incluiu o fechamento temporário do comércio.

E não foi só isso. O número de negócios fechados caiu no Estado. Foram 23.477, em 2019, contra 19.437, no ano passado. Os dados são do Mapa de Empresas, do governo federal, e considera os números até novembro de 2020.

Para os especialistas, tudo isso pode ser explicado pelas demissões durante a pandemia. Sem emprego, milhares de brasileiros decidiram empreender por necessidade, ou seja, para garantir a própria renda.

E para reforçar a tese de que nem tudo são rosas, a maior parte desses novos empresários miraram em opções que não incluíam pagar por um espaço físico para seus negócios.

Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

“Não é mais como antes”

“Aluga-se”, “vende-se” e “passo o ponto” são as três mensagens mais encontradas em lojas no Centro de Cuiabá. O Calçadão Ricardo Franco, parece ser um dos locais mais afetados pela “nova onda”. A cada loja com as portas abertas, outras duas estão fechadas.

Não é para menos, há mais funcionários e trabalhadores do que clientes na rua. O fluxo em nada se parece com o movimento do pré-pandemia: não há barulho de passos, nem de conversas. Ao percorrer a rua, ouve-se até o barulho de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado.

Nas lojas abertas, a falta de clientes entedia os vendedores que, para passar o tempo, organizam e reorganizam as vitrines. Desde outubro, Adriana e Késia vendem roupa e calçado infantil em uma loja no Calçadão. Elas executam justamente essa tarefa. Ao lado do local onde trabalham, três lojas estão de portas fechadas.

“Até tomamos um susto quando fechou [a loja] aqui do lado. Ela era referência na venda de roupa e calçado infantil. Sempre era lotada e hoje fechou as portas”, diz uma delas.

E mesmo assim, a tendência estadual se repete em Cuiabá: a abertura de novas empresas supera os fechamentos, representando um aumento de 13,6% e queda de 9,16%, respectivamente.

(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Menos lojas e mais e-comerce

Segundo Késia e Adriana, “vender no balcão” não parece mais ser uma opção. “Está estranho. Não se tem movimento e, quando entra alguém, é só ‘para dar uma olhada’. Não é mais como antes”, explicam.

Mas os clientes não sumiram, segundo elas, eles só preferem não se expor ao risco oferecido pela covid-19. A alternativa, então, foi vender pelo WhatspApp.

No aplicativo, as duas vendedoras atendem os clientes e mandam as opções disponíveis. Além dos clientes de Cuiabá, os produtos são enviados para revendedores do interior. São 12 grupos no aplicativo para manter todos informados das novidades da loja.

A estratégia tem sido adotada por muitos comerciantes, vide as placas de “me chamem no WhatsApp” coladas em algumas portas.

Nos oito primeiros meses de 2020, o e-commerce brasileiro faturou 56,8% a mais em comparação com igual período de 2019, segundo pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).

Desde o início da pandemia, mais de 135 mil lojas aderiram às vendas pelo comércio eletrônico para continuar vendendo e mantendo-se no mercado. A média mensal antes da pandemia era de 10 mil lojas por mês. Estão em alta setores como moda, alimentos e serviços.

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