Marcada pelas mudanças promovidas pela reforma eleitoral, a eleição deste ano em Mato Grosso não apenas desbancou políticos que se davam por eleitos muito antes da contagem dos votos, mas também fortaleceu nomes para os próximos pleitos. Dentre os que saem “maiores” do que entraram estão o governador eleito Mauro Mendes (DEM), a senadora eleita Selma Arruda (PSL), e até mesmo o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).
Derrotado em duas eleições, uma para prefeito de Cuiabá e outra para governador, Mauro Mendes foi eleito prefeito de Cuiabá em 2012 e, bem avaliado, deixou o cargo sem disputar a reeleição. Neste ano, embora já tenha entrado como favorito, tornou-se o primeiro candidato a desbancar um governador na disputa ao Palácio Paiaguás, encerrando a eleição ainda no primeiro turno e com mais de 58% dos votos, segunda maior votação da história após a redemocratização do país.
Juíza responsável pela prisão de figurões da política mato-grossense como o ex-governador Silval Barbosa e o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva, Selma Arruda se aposentou da magistratura em alta e entrou para a política com o discurso de combate à corrupção.
No meio do caminho, chegou a ser desacreditada ao se aliar ao grupo do governador Pedro Taques (PSDB), deu inúmeras declarações polêmicas, precisou se explicar muitas vezes. Por fim, após o atentado sofrido por Jair Bolsonaro (PSL), resolveu colar no presidenciável e acabou se elegendo como a senadora mais bem votada do Estado, contrariando todas as pesquisas de intenção de voto.
Já Emanuel Pinheiro (MDB), mesmo não estando na disputa, elegeu seu filho, Emanuelzinho (PTB), como o terceiro candidato mais bem votado para deputado federal, com 76,7 mil votos. A vitória do filho demonstra um enfraquecimento do escândalo que estourou após ser flagrado em vídeo, com repercussão nacional, guardando dinheiro nos bolsos do paletó que, supostamente, seriam provenientes de propina.
Embora não tenha sido eleito, o ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD) também sai desta eleição fortalecido. O social-democrata, que renunciou ao cargo de vice, chegou a figurar na última colocação em pesquisas de intenção de voto para senador, mas conseguiu se descolar do desgaste do Governo Taques e encerrou a disputa na terceira colocação. Ele obteve 434,9 mil votos, ficando apenas 55,7 mil votos atrás do segundo senador eleito, Jayme Campos (DEM), ex-senador e ex-governador.
Proporcionais
O pleito também revelou novas forças políticas, como Nelson Barbudo (PSL), campeão de votos para Câmara Federal. Desconhecido no cenário político, mas com mais de 138 mil seguidores no Facebook, Barbudo obteve mais de 125 mil votos. O deputado eleito também se fortalece por ser correligionário e aliado de Selma Arruda, bem como defensor ferrenho de Bolsonaro.
Outro nome que sai “maior” dessas eleições é o do senador cassado José Medeiros (Pode), que se mantém no cargo por força de liminar. Medeiros pretendia disputar a reeleição, mas não conseguiu espaço e, desacreditado, acabou se lançando à Câmara Federal, para a qual foi eleito com o segundo maior número de votos, conquistando mais de 85 mil eleitores.
À Assembleia Legislativa, pelo menos duas lideranças se destacam: Janaína Riva (MDB) e Lúdio Cabral (PT).
Filha do ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva, condenado por corrupção, Janaina foi eleita pela primeira em 2014 graças à força do pai. Quatro anos depois, entretanto, ela se reelegeu como a primeira mulher a ser campeã de votos para deputada estadual. Com Riva longe da política, ela demonstra que já alçou voo solo.
Sem mandato desde 2012, Lúdio também sai fortalecido deste pleito. Ex-vereador por Cuiabá, ele disputou, sem sucesso, a prefeitura da Capital em 2012 e o governo em 2014. Em ambas ficou na segunda colocação. Mesmo sem cargo há seis anos, entretanto, se elegeu deputado com facilidade, sendo o 10º mais votado, com 22,7 mil votos.
