Indígenas da etnia Kisêdjê, que vivem em Querência (200 km de Cuiabá), já avisaram que vão barrar a instalação de urnas eletrônicas no próximo domingo (15), caso a Justiça Eleitoral não comprove que as eleições municipais deste ano seguirão as regras sanitárias de prevenção ao novo coronavírus.
O povo está distribuído por quatro aldeias que somam 400 habitantes. Desses, cerca de 200 são eleitores. A exigência é para evitar o contágio entre os indígenas. Os Kisêdjê moram em uma área ao Leste do Parque do Xingu.
Conforme Winti Suya Khiset-se, desde o início da pandemia eles adotam regras rígidas de prevenção, com protocolos para quem sai e quem chega às aldeias, incluindo eles mesmos.
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Em entrevista ao site Uol, ele disse que uma das exigências é que as pessoas que instalarão as urnas e acompanharão a votação nas aldeias estejam ao menos sete dias em quarentena. Uma fazenda que tem funcionado como posto sanitário.
“O cacique falou para mantermos o controle e estamos mantendo. Sabemos que a covid entrou em outras comunidades. Aqui, [o controle] evitou e muito. Desde março até agora, não tivemos nenhum infectado”, disse.
A mesma exigência teria sido feita com os candidatos que quiseram se apresentar aos indígenas. Candidatos e cabos eleitorais passaram as propostas para os líderes, que depois da quarentena levaram para as aldeias.
Um ofício com assinaturas dos líderes indígenas teria sido protocolado no cartório eleitoral de Querência, informando que as urnas não serão instaladas se a exigência não for seguida.