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Elas representam o coração da festa: “a gente é assim ó, com São Benedito”

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Elas representam o coração da festa: “a gente é assim ó, com São Benedito”
Foto: Lidiane Barros

Muita gente que se voluntaria para produzir a Festa de São Benedito – que começa a ser preparada um ano antes – se prontifica pela devoção ao santo, especialmente, se tiveram uma graça alcançada. Estas pessoas estão inteiramente voltadas à realização do evento deste ano, que ocorre da quinta-feira (4) até o domingo (7).

É claro que todas as fases e os personagens que compõem essa história são importantes para essa grande engrenagem. Mas se há uma peça fundamental, certamente que ela está localizada em meio aos alimentos, panelas e fogão. É como se os ritos religiosos da Festa de São Benedito fossem a alma e a cozinha, o coração.

Afinal, não dá para imaginar a festa do santo padroeiro dos cozinheiros e cujos milagres estão relacionados a dar comida a quem tem fome, sem o tradicional chá com bolo depois da missa ou a maria isabel com tutu de feijão e farofa de banana, no jantar.

Na semana que antecede a festa elas ficam ainda mais próximas. Nos dias da festa, nem vão para casa (Foto:Lidiane Barros)

É no coração da cozinha que transita acelerada e incansavelmente um grupo de mulheres que é essencial para a realização da festa. Mulheres que testemunham histórias de milagres e trazem consigo exemplos de superação. Como a banqueteira Terezinha Pereira Neto, conhecida como a dona Tetê.

Segundo ela, os trabalhos atingem seu ápice nesta semana, mas para este grupo de voluntárias que comandam a cozinha é como se fosse dada a largada para uma série de eventos em que elas fazem a diferença.

Logo tem início a preparação para as festas de Nossa Senhora do Rosário, onde são servidos espetinhos na praça, e Nossa Senhora do Carmo, em que são preparados pasteis. A renda arrecadada nestes eventos é revertida para obras e projetos sociais da igreja.

Ao seu lado estão especialistas em cada uma das áreas – dos quitutes às grandes refeições – ou como ela mesma diz, “especialistas, mas que fazem de tudo, são pau para toda obra”.

Segundo ela, nos dias de realização da festa, são preparadas toneladas de comida, que nem se consegue mensurar com exatidão. E os ingredientes são todos doados.

Juntam-se à dona Tetê, Marilza Dutra, Ana Barcelo, Lúcia Henriquieta, Maria Henriquieta de Amorim, Juliana de Souza. Além de muitos outros, como Geraldo Vitorino, Deodato Valentino, Glória, Rico. E ainda, os coordenadores de algumas das frentes de produção, Joaquim Curvo, Jane Leite e Nilson Paulo.

Milagre

Tetê atua na cozinha há mais de 20 anos

Tetê não mede esforços para servir ao santo. “A gente é assim ó, com São Benedito”, ela se gaba fazendo sinal de ‘juntinhos’ com os dedos indicadores. E deve ser mesmo. Ela conta que já chegou bem perto da morte há alguns anos e acredita: foi São Benedito quem lhe deu forças para retomar sua missão.

“Passei 26 dias na UTI depois da vesícula estourar. Quando retornei do hospital, a bile do fígado estourou e voltei de novo. Passei mais 60 dias internada. Eu disse a São Benedito que me ajudasse, que eu queria voltar a cozinhar na igreja. Uns 92 dias depois da operação, já voltei para executar a peixada. Não tive nada”.

Tetê conta que chegou a ficar em coma e que nesse período teve um sonho: “vi meu avô, minha avó, minha tia, todos já falecidos. Estavam todos de branco e vi também uma árvore. A copa dela parecia coberta de neve e debaixo da árvore havia um senhor vestido de branco. Eu até arrepio de lembrar”. O que aconteceu depois deste sonho? Ela garante que foi no dia seguinte que saiu do coma.

Com 63 anos, Tetê já dedicou 23 deles a ajudar na cozinha. “Estou aqui desde que ela era lá fora”.

Superação

Outra mulher que não mede esforços para servir São Benedito é Juliana de Souza, 59 anos. Moradora do Novo Terceiro, em Cuiabá, nos dias que elas se reúnem na cozinha, pega um ônibus às 12h e volta para casa só por volta das 20h. “Quando a festa está acontecendo, dormimos por aqui mesmo”, conta.

Ela se casou aos 15 anos e teve cinco filhos. “Um dia meu marido foi embora e nunca mais voltou. Criei todos. Uma vez me disseram que o tinham visto em Goiânia. Eu nem quis ir atrás”, relembra.

Juliana, ao centro, acredita que foi curada por São Benedito (Lidiane Barros)

Ela trabalhava na Prefeitura quando, em 2012, teve que se aposentar. “Eu tinha fortes crises de dor de cabeça e chegava a vomitar. Logo tive uma paralisia facial. Foi então que me apeguei na religião e comecei a participar mais. Foi incrível, São Benedito me libertou. Não tem outra explicação. Já faz cinco anos que estou aqui ajudando e, no ano passado, melhorei totalmente. Enquanto eu tiver vida estarei aqui. É o poder da fé”, testemunha.

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