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Educação é democracia: tudo ao seu tempo

Cabe a cada um de nós definirmos nossas prioridades

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Educação é democracia: tudo ao seu tempo

Acompanhamos na semana passada a publicação de uma Medida Provisória do Governo Federal que suspenderia as eleições de mais de 20 reitorias das universidades e dos Institutos Federais. A medida afetaria os processos eleitorais as reitorias do IFMT e da UFMT, que acontecem este ano.

Ao mesmo tempo, a comunidade acadêmica do Instituto Federal de Mato Grosso também vivencia as incertezas que a pandemia de COVID-19 vem nos assolando. Pandemia essa jamais vista pela nossa geração. O fato mais próximo desse quadro foi a gripe espanhola que ocorreu em meados de 1917, levando a óbito mais de 5 milhões de pessoas.

Na condição de gestor de umas das unidades de ensino do IFMT, o Campus Cuiabá – Bela Vista, tivemos a adesão de vários servidores e discentes que se comprometeram a colaborar em ações diretas no combate a pandemia. Estamos vivendo um momento delicado na nossa sociedade e somente os anais da história poderão tratar dessa realidade tão lamentável que estamos presenciando.

Infelizmente, as pesquisas apontam que a expansão de COVID-19 pelo Brasil ainda é inicial. Nesse sentido, nós do IFMT, temos condições de atuar em diversas áreas do conhecimento para ao menos tentar minimizar o sofrimento de diversas famílias mato-grossenses.

Nossa instituição goza de credibilidade, e isso nos permite estar mais confiantes para combatermos essa pandemia, como outras unidades de ensino em nosso estado também já vem deixando suas contribuições.

E em meio a este contexto de dúvidas e incertezas, iniciamos um período de lamentável preocupação e conversação exaustiva de alguns grupos sobre as eleições do IFMT. Nosso compromisso enquanto acadêmicos é o ensino, a pesquisa e a extensão. E com toda certeza, esse é um dos momentos cruciais de retribuirmos para a sociedade o que produzimos em nossa instituição. Esse para mim é o maior objetivo agora.

Não considero o assunto “eleições” como algo salutar para ser debatido no atual momento, haja vista o cenário atual. Ao mesmo tempo, nos vemos arrastados para este embate, já que de um ano eleitoral para outro, nada muda. Somos expostos, somos provocados, somos caluniados, entre outras situações que já se tornaram corriqueiras em nossas eleições.

Mesmo sem atividade de ensino nos campi, com seus corredores vazios da alegria dos nossos colegas e estudantes, “o telefone sem fio” e as articulações sobre as eleições no IFMT não param.

Nesse sentido, para que meu nome saia dessa “linha telefônica” e para que não haja mais especulações, serei direto: Sim! Sou mais um servidor que faço parte de um grupo com outros servidores que também estão insatisfeitos com os projetos e com as metas amiudadas pelo grupo gestor, que ao nosso olhar, não se adequam à filosofia de “trabalho em rede” que tanto nos é cobrado.

Por esse ponto de vista, é inevitável, que como outros pares, nos colocamos a oposição dessa estrutura que não coaduna com as nossas expectativas. Como servidor quero participar de debates com o nosso coletivo institucional e com a população externa. Como servidor, quero saber o dia-a-dia dos nossos outros campi que desenvolvem ações inéditas na instituição, mas que pouco dessas atividades são compartilhadas com nossos pares de outros campi.

Como servidor quero acreditar que é possível pensar num IFMT que contemple a toda comunidade, sem a distinção retrógrada de capital versus interior, ou de “velha guarda versus recém-chegados”. Será essa comunidade quem definirá o próximo reitor ou a próxima reitora. Almejamos que essa ou esse representante priorize as ideias de coletividade e de avanço social.

Como já afirmei, o período delicado ao qual vivemos nos direciona a deixarmos momentaneamente de lado o processo de eleições internas. É nossa obrigação cidadã nos posicionar contra qualquer tentativa de suprimir a escolha de um representante para nosso amado IFMT que não seja pelas vias democráticas. Nossas lutas sempre foram árduas para atingirmos essas conquistas, jamais poderemos deixa-las esvair.

Felizmente, a MP que limitava a tão dura luta que garante a autonomia das instituições do ensino público federal foi anulada nesta sexta-feira (12). Faço votos e me posicionarei com afinco para que tenhamos uma instituição pública, gratuita e de qualidade, na certeza que a democracia tão presente em nossas falas faça parte da práxis da nossa vida enquanto cidadãos. O processo democrático deve ser respeitado e a escolha dos mandatários internos, seja para a reitoria ou para a direção geral de todos os Campi (incluindo os Campi Avançados) deve ser referendado pela comunidade acadêmica formada pelos discentes, pelos técnicos administrativos e pelos docentes.

Enfim, meu posicionamento é claro. Não há quaisquer dúvidas aqui de que penso sobre a legitimidade dos votos em detrimento de intervenções. Referendando nossos colegas historiadores, o fluxo histórico intervencionista nunca teve alianças com o povo. Ao contrário, fez foi tirar os diretos da população. Esta jamais será a nossa bandeira.

Nesse momento deixemos as diferenças e ânsias pelas eleições de lado. Fora das nossas casas, temos um inimigo em comum, a COVID 19. Vamos ampliar essa luta, que é um dos nossos importantes papéis agora. Estabilizado esse problema, que vem tirando a vida da nossa população, aí sim poderemos voltar a “pensar” na questão eleitoral.

Nós, servidores do Campus Cuiabá – Bela Vista, continuaremos a nossa luta diária contra a pandemia. Produzindo álcool 70% e em gel, fazendo exames RT-PCR em parceria com a Prefeitura Municipal de Cuiabá, ensinando reeducandos a produzir saneantes e álcool em gel. Afinal, ressocializar é preciso e estamos vivenciando a prática disso, sendo um grande aprendizado para todos nós!

O isolamento social por mais duro que seja, vem trazendo frutos e transformando a vida de muitas pessoas. Façamos nossas escolhas. Caminhamos juntos num mesmo propósito, priorizando ações no combate e no fim da pandemia da COVID 19? Ficamos em “nossos quadrados” priorizando projetos de poder em detrimento de projetos institucionais?

Cabe a cada um de nós definirmos nossas prioridades.

Deixo, por fim, um agradecimento especial aos guerreiros e as guerreiras da nossa instituição que diuturnamente não medem esforços para fazer diferença nessa nova realidade que nos aflige. Nosso muito obrigado!!!

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Deiver Alessandro Teixeira é doutor em Química e diretor-geral do IFMT Campus Cuiabá – Bela Vista.

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