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Educação além da escola: o que Cuiabá precisa fazer para melhorar a aprendizagem?

Especialista sugere que o próximo prefeito olhe para os alunos também fora da sala de aula, com ações integradas em outros setores

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Educação além da escola: o que Cuiabá precisa fazer para melhorar a aprendizagem?
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Tempo atrás, não muito longe, a construção de escolas era um serviço de grande validade. Hoje, novos prédios são apontados como necessários, mas já se chegou a um período em que  percebe-se que a difusão delas não é a solução para os problemas de ensino. A capacidade intelectual dos estudantes continua má desenvolvida.

Há mais escolas do que há 20 anos, mais alunos estão matriculados – número que cresceu por causa da construção de mais escolas. Mas, paralelamente, os índices de instituições de ensino que pretendem avaliar a aprendizagem mostram dados preocupantes.

“Nós chegamos a um momento em que fica difícil dizer qual é o problema. A própria ideia de educação é bem mais ampla, envolve outras coisas para além daquilo que está se acostumando a falar. Nossa sociedade tem alto grau de escolaridade, mas ainda fala errado. Como explicar isso?”, questiona o mestre em educação e filosofia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor Silas Monteiro. 

Problema em números

Números do QEdu, banco de dados que traça o perfil do ensino no Brasil com base no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mostram que, até 2018, haviam 385 escolas em atividade em Cuiabá, nas redes pública e privada. 

Em 2010, primeiro ano da pesquisa, eram 313. Um ano antes, a média de aprendizagem dos alunos no Ideb estava em 4,1 pontos. No ano passado, essa nota subiu para 5,8, mas já deveria ter atingido meta de nota 6. Nesse período, houve variação no desempenho. 

Na avaliação geral, a aprendizagem hoje está “emperrada”. 

O que dá para fazer em quatro anos? 

O professor Silas Monteiro afirma que uma direção que deveria ser seguida por Cuiabá, assim como por outros municípios, está no desenvolvimento de “política integrada” de ensino. 

Para ele, a aprendizagem dos alunos extrapola área de uma secretaria de educação. O modelo deve incluir ações em saúde, segurança e assistência. A vida do estudante, e consequentemente, sua vida escolar, estaria afetada por assuntos que não se limitam a ir para escola e estudar. 

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A recomendação é que a abordagem comece na aceleração da inclusão das “tecnologias de educação” e chegue até à avaliação da situação familiar. O primeiro aspecto, diz ele, já está defasado e a pandemia expor essa falha do sistema de ensino. 

“Esse modelo de o aluno ir para escola e ter que copiar do quadro deveria ter sido superado. A vida é outra para os estudantes de hoje. É preciso ter tecnologias, rede de acesso internet que ajudem na aprendizagem. O mundo está tecnológico hoje, não dá para esperar”, pontua. 

Desenvolvimento humano

Já o segundo aspecto envolveria trabalho conjunto de secretarias de áreas de desenvolvimento humano, como saúde e segurança, para a elaboração de um plano em que o ensino passe a ser considerado nesses três níveis. 

“As avaliações de ensino passam pela avaliação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), então, é de se considerar que isso precisa ser levado em conta pelos gestores. A criança que não tem condições orgânicas e psicológicas, não terá condições de aprendizagem”, afirma. 

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